Brasil tenta fazer da COP30 uma vitrine de consensos
A estratégia brasileira para conseguir avançar com a implementação na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) é focar nos consensos.
A presidência da COP30 conseguiu aprovação da sua agenda na manhã desta segunda (10/11), sem ressalvas.
Algumas questões importantes, no entanto, ficaram de fora ou foram adiadas para 2026.
A implementação do desmatamento zero, por exemplo, foi retirada de pauta.
Já as necessidades especiais da África serão abordadas em um evento de alto nível em 2026, enquanto financiamento de longo prazo ficou para a COP31.
A cúpula climática começou nesta segunda, em Belém (PA), com uma estimativa atualizada de quanto as ambições climáticas apresentadas até agora conseguem reduzir as emissões: 12% em 2035, se todo mundo cumprir o que colocou no papel.
Desde o último relatório da UNFCCC sobre as atualizações das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), 49 Partes comunicaram 22 novas NDCs, além de uma revisão.
O conjunto de ambições agora cobre 69% do total das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE) com base em dados de 2019.
Para o secretário executivo da UNFCCC, Simon Stiell, as projeções de queda nas emissões para a próxima década mostram que os compromissos firmados em sucessivas COPs começam a mostrar resultado — mas ainda há muito trabalho a ser feito.
“A implementação dos resultados da COP deve ser impulsionada por múltiplas vertentes de cooperação internacional”, disse a jornalistas nesta tarde.
De manhã, durante a abertura da conferência, o presidente Lula (PT) voltou a cobrar ambição e financiamento de países ricos.
“Se os homens que fazem guerra estivessem aqui nessa COP, iam perceber que é muito mais barato colocar US$ 1,3 trilhão para acabar com o problema climático do que colocar US$ 2,7 trilhões para fazer guerra, como fizeram ano passado”, discursou.
O clima não espera
O apelo por mais ambição e recursos repercute a demora dos signatários do Acordo de Paris na entrega de suas NDCs. Ainda falta uma centena delas.
Uma das mais aguardadas pela sua representatividade, a da União Europeia chegou na última semana: o bloco formalizou a ambição de reduzir entre 66% a 72,5%das suas emissões até 2035, com promessa de 90% até 2040.
A China também depositou oficialmente sua NDC até 2035 na ONU, durante a Cúpula de Líderes que antecedeu a abertura oficial da COP30.
Mais de 40 atualizações foram entregues oficialmente em novembro, a maioria ao longo da semana da cúpula de líderes. Encontro que também conseguiu angariar contribuições para o fundo de florestas (TFFF) proposto pelo Brasil (US$ 5,5 bilhões), além de compromissos para quadruplicar a produção de combustíveis sustentáveis e a criação de coalizão sobre mercados de carbono, com endosso da União Europeia.
Mas enquanto chefes de Estado e negociadores se reuniam no Norte, no Sul do Brasil, a passagem de um tornado na tarde de sexta-feira (7/11) arrasou grande parte de um município no interior do Paraná, causando seis mortes e deixando 750 pessoas feridas. (BBC)
E nas Filipinas, dois tufões deixaram um saldo de 200 pessoas mortas e mais de 1 milhão evacuadas.
Matéria publicada no Eixos, no dia 10/11/2025, às 18:04 (horário de Brasília)
