Petrobras define, enfim, embarque na geração renovável com braço de energia da BP
Depois de mais de dois anos de discussões internas sobre a estratégia da Petrobras para entrar na geração de energia renovável, a estatal escolheu a solar fotovoltaica para marcar a estreia e fechou o primeiro grande negócio, com a aquisição de uma participação minoritária na Lightsource bp.
- A estatal passa a formar uma joint venture com o braço de renováveis da petroleira britânica no Brasil, com um portfólio de 6 GW de geração solar em desenvolvimento.
- A petroleira brasileira terá 49,99% de participação, mas a gestão será compartilhada.
- Por enquanto, há apenas uma planta em operação, a usina solar fotovoltaica de Milagres, no Ceará, com 212 MWp de capacidade instalada. O projeto já tem toda a energia vendida no mercado até 2027.
- Segundo fontes, há possibilidade de que parte do portfólio em desenvolvimento forneça energia elétrica para as operações próprias da Petrobras, no modelo de autoprodução.
No anúncio do acordo, a Petrobras cita a expectativa de criar uma “plataforma que pode agregar novos negócios em renováveis, como armazenamento de energia”.
- Está em linha com as indicações da estatal de que está se preparando para participar do primeiro leilão de baterias do país, previsto para abril de 2026.
A decisão chega poucas semanas após a diretoria da estatal indicar que a prioridade na área de transição energética seriam os bioprodutos, em detrimento de eólica e solar, devido aos cortes de geração elétrica (curtailment).
- “Botar essa energia na rede para jogar fora não faz sentido. Só faz sentido ter solar se o offtaker formos nós mesmos”, disse a presidente da estatal, Magda Chambriard, durante o anúncio do Plano de Negócios 2026-2030, no final de novembro.
- Na ocasião, Chambriard destacou que a instalação de geração solar seria prioritariamente nas refinarias, para consumo próprio — possibilidade contemplada no acordo anunciado com a bp.
A companhia já vinha desenvolvendo projetos de plantas solares nas unidades de refino, com a intenção de instalar 56 MW até 2027.
- O planejamento até 2030 prevê US$ 13 bilhões em investimentos em transição energética, sendo US$ 1,8 bilhão para projetos de geração solar e eólica terrestres, além de US$ 4,8 bilhões em bioprodutos.
Promessa do terceiro governo Lula (PT), depois do foco exclusivo no óleo, gás e combustíveis nos governos anteriores, a incorporação na Petrobras de projetos de energia renovável foi alvo de disputas internas nos últimos anos.
- No primeiro plano de negócios do governo, elaborado em 2023, o então presidente da estatal, Jean Paul Prates, defendeu a entrada da companhia como sócia minoritária em projetos já existentes, para ganhar experiência.
- Na época, a estratégia recebeu críticas, devido à expectativa de que a companhia entrasse no desenvolvimento de novos projetos do zero (greenfield).
- Desde então, a Petrobras fechou diversos acordos de confidencialidade (NDAs) e memorandos de entendimento (MOUs) nessa área, inclusive com outras petroleiras, como a Shell (com foco em captura e estocagem de carbono) e a Equinor (com foco em eólicas offshore).
Matéria publicada na Agência Eixos, no dia 17/12/2025, às 07:00 (horário de Brasília)
