Petrobras tem lucro líquido de R$ 23,7 bilhões no primeiro trimestre de 2024
A queda nas vendas de combustíveis no mercado interno e a desvalorização do real frente ao dólar afetaram o lucro da Petrobras no primeiro trimestre deste ano. O ganho ficou em R$ 23,7 bilhões, valor 37,9% menor em relação aos R$ 38,156 bilhões obtidos nos primeiros três meses do ano passado.
O resultado veio abaixo do esperado pelos analistas de mercado, que projetavam lucro em torno de R$ 28,3 bilhões (ou cerca de US$ 5,5 bilhões, com base no câmbio a R$ 5,15) no período.
A estatal informou ainda que aprovou a distribuição de R$ 13,45 bilhões em dividendos relativos ao período. Esse valor também foi menos que o esperado por bancos, que estimavam valor de R$ 15,4 bilhões. Em relação ao primeiro trimestre do ano passado, antes de a empresa rever a regra de distribuição dos ganhos a acionistas, a queda foi de 45%.
Analistas destacaram que o resultado menor ocorreu mesmo diante de uma pequena elevação do preço do petróleo no mercado internacional. Segundo a estatal em seu balanço, o valor médio do barril do Brent, referência no mercado internacional, subiu 2,4%, de US$ 81,27 no primeiro trimestre de 2023, para US$ 83,24 no primeiro trimestre deste ano.
Segundo a Petrobras, houve piora no resultado financeiro devido à desvalorização do real frente ao dólar. No primeiro trimestre deste ano, o resultado financeiro foi negativo em R$ 9,6 bilhões. Só com variações cambiais a companhia perdeu R$ 4,343 bilhões no trimestre. A estatal destacou ainda gastos de R$ 2,7 bilhões com arrendamentos e outros R$ 2,7 bilhões com despesas de financiamento.
— A variação cambial trouxe perdas para a empresa — explicou o analista de investimentos Pedro Galdi.
Competição com o Etanol
A Petrobras lucrou menos no início deste ano apesar de uma pequena elevação do preço do petróleo no mercado internacional. Segundo a estatal, o valor médio do barril do tipo Brent subiu 2,4%, de US$ 81,27, no primeiro trimestre de 2023, para US$ 83,24, no primeiro trimestre deste ano.
Recentemente, a estatal havia informado a queda nas vendas dos derivados de petróleo no mercado interno. Nos primeiros três meses do ano, houve recuo de 2,9%, para 1,648 milhão de barris por dia, na comparação com o mesmo período de 2023.
Assim, a receita de vendas chegou a R$ 117,721 bilhões no primeiro trimestre de 2024, valor 15,4% menor em relação aos R$ 139 bilhões do mesmo período do ano passado.
Além das vendas menores, a estatal destacou ainda a redução da margem do diesel — o preço dos derivados registrou queda média por barril de 16,3% no trimestre — e recuo nas exportações, especialmente de gasolina. Segundo a estatal, houve desvalorização das cotações internacionais no momento da realização das exportações e paradas de manutenção ocorridas no trimestre.
Além das menores vendas, a estatal destacou ainda a redução da margem do diesel — o preço dos derivados registrou queda média por barril de 16,3% no trimestre — e recuo nas exportações, com destaque negativo para a gasolina, com queda de 6,8% nas vendas entre janeiro e março. No caso do diesel, a queda foi de 3,4%.
A redução ocorreu “em função da demanda de mercado e paradas programadas”, disse a estatal recentemente. Segundo a Petrobras, houve desvalorização das cotações internacionais no momento da realização das exportações e paradas de manutenção ocorridas no trimestre.
A companhia afirmou ainda que houve um aumento no teor mínimo de mistura obrigatória de biodiesel, que passou de 12% para 14%, em março de 2024. Na gasolina, explicou a estatal, houve perda de participação para o etanol hidratado no abastecimento dos veículos flex.
Levantamento do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) aponta que os preços do etanol no primeiro trimestre deste ano ficaram 63% em média os preços da gasolina. Sempre que essa relação ficar abaixo de 70% é mais vantajoso do ponto de vista econômico abastecer com etanol.
— Tivemos um recorde na produção da safra 2023/2024, e isso acabou se refletindo num preço mais competitivo do etanol na bomba. Com isso, a produção de etanol teve alta de 16%, para 33,5 bilhões de litros. Agora, neste segundo trimestre, não devemos ter essa mesma alta, o que deve ter reflexos nos preços — diz Bruno Pascon, sócio-fundador e diretor da CBIE Advisory.
Segundo Pascon, caso a estatal tivesse reajustado os preços da gasolina ao longo deste ano, a diferença entre gasolina e etanol seria ainda maior. O último reajuste feito pela estatal foi em outubro, quando reduziu o valor por litro na refinaria. Hoje, segundo cálculos da CBIE, a defasagem está em cerca de 20%.
Recompra de ações
Além da distribuição de dividendos de R$ 13,45 bilhões, a estatal informou ainda que recomprou um total de R$ 1,1 bilhão em ações ao longo do primeiro trimestre. Esse valor foi descontado dos ganhos distribuídos aos acionistas. Aestatal lembrou que a distribuição representa 45% de seu fluxo de caixa livre — regra que passou a ser adotada com a nova gestão da companhia — já que o endividamento bruto está abaixo dos US$ 65 bilhões, conforme definido em seu plano de negócios.
No primeiro trimestre do ano passado, antes de a empresa mudar a regra, a petroleira distribuiu R$ 24,7 bilhões aos acionistas.
Investimentos sobem
Os investimentos somaram US$ 3,043 bilhões no trimestre, alta de 22,6% em relação ao mesmo período do ano passado. A alta foi influenciada pelas atividades do pré-sal da Bacia de Santos e na Bacia de Campos.
Houve ainda redução de 1,2% no nível de endividamento bruto no fim do trimestre, para US$ 61,84 bilhões. A dívida financeira ficou em US$ 27,7 bilhões, menor nível desde 2010.
—Seguimos comprometidos e empenhados em executar e financiar os investimentos previstos, com disciplina de capital e geração de valor para os acionistas e para a sociedade. Os dados financeiros e operacionais da Petrobras no trimestre são consistentes com a rota da companhia em cumprir seu Plano Estratégico (2024-28) de forma eficiente e sustentável.
No trimestre, mantivemos uma geração de caixa consistente, que nos dá segurança em relação aos investimentos futuros, incluindo os que têm como foco o crescimento da produção da companhia — diz o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.
Matéria publicada pelo O Globo no dia 13/05/2024, às 20h40 (horário de Brasília)