Mesmo com cortes de oferta, preço do petróleo cai de forma brusca após reunião da OPEP+

O petróleo afundou atingiu o seu menor preço desde fevereiro, mesmo depois da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) decidir, no fim de semana, ampliar os cortes de produção até o próximo ano buscando apoiar os preços em um cenário de preocupações com a demanda global e o aumento da produção dos EUA.

O petróleo WTI – referência americana – com entrega prevista para julho tombou 3,60%, a US$ 74,22 por barril. Já o Brent – referência global – para agosto cedeu 3,39%, a US$ 78,36 por barril. Esses são os menores valores de fechamento desde 7 e 5 de fevereiro, respectivamente.

De acordo com agência internacionais, ficou acertada mais uma prorrogação das três camadas de cortes de oferta promovidos desde o começo da pandemia pelo cartel dos maiores produtores do mundo. Mas os detalhes desse anúncio foram vistos de forma pessimista pelo mercado, explicam analistas do Goldman Sachs, em relatório.

O corte é estendido até o quarto trimestre de 2025, contra o quarto trimestre de 2024 anteriormente, mas o nível de produção exigido para 2025 seja maior do que o nível de produção inicialmente exigido para 2024, considerado moderadamente mais altos pelo banco de investimento americano,em grande parte devido às atualizações para os Emirados Árabes Unidos e Rússia.

Os “cortes voluntários” anunciados em abril de 2023 por 9 países também serão estendidos da mesma forma. Já os “cortes voluntários extras” anunciados em novembro de 2023 por 8 países são estendidos até o final do terceiro trimestre de 2024, quando terminariam no segundo trimestre de 2024. No entanto, esses cortes voluntários extras “serão gradualmente eliminados mensalmente até o final de setembro de 2025 para apoiar a estabilidade do mercado”. “Esse aumento mensal pode ser pausado ou revertido sujeito às condições do mercado”.

Embora sempre tenha sido o objetivo de 8 países da OPEP+ “retornar gradualmente” os cortes voluntários extras, os analistas se dizem surpresos que esses países agora estejam anunciando um cronograma detalhado de reversão em um contexto de recentes surpresas positivas aos estoques em relação às expectativas.

“Ter um caminho padrão explícito para aumentos de produção torna mais difícil manter a produção baixa, apesar da alta capacidade ociosa, a previsão muito otimista da OPEP de que a demanda crescerá em 2024 acima da nossa previsão e uma potencial estratégia para desencorajar o fornecimento fora da OPEP possam ajudar a explicar este plano”
O analista Norbert Rucker, chefe de economia e pesquisa de próxima geração do banco suíço Julius Baer, concorda que a decisão da Opep+ é bastante pessimista para o mercado em um cenário no qual a produção continua abundante e o humor do mercado deve continuar a esfriar.

“O anúncio pode parecer surpreendente, mas, na verdade, apenas reconhece que as nações petrolíferas têm receio de perder participação de mercado. Prevemos que os preços do petróleo devem cair para a faixa dos US$ 70 ainda este ano”.
A geopolítica continua sendo um elemento de ruído que pode ocasionalmente abalar os preços”, projeta Rucker em nota enviada a clientes na manhã de hoje.

Para os analistas do Goldman Sachs, a comunicação desta reversão gradual a partir do quarto trimestre de 2024 reflete um forte desejo de trazer de volta a produção de vários membros devido à alta capacidade ociosa. “Como resultado da reunião pessimista, e dadas as recentes surpresas positivas aos estoques em relação às nossas expectativas, agora vemos os riscos para nossa faixa de US$ 75 a US$ 90 o barril de Brent inclinados para o lado negativo”.

Matéria publicada pelo Valor Investe no dia 03/06/2024, às 16h32 (horário de Brasília)