Atentado contra Trump pode influenciar alta do dólar e dos juros
O mercado hoje tende a abrir com valorização do dólar contra as moedas emergentes, inclusive o real. Além disso, o investidor nesta segunda-feira (15) pode ficar receoso com uma possível vitória do candidato republicano Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos devido à volta da inflação e à manutenção dos juros em patamar elevado, disseram analistas do mercado financeiro ao Broadcast.
No sábado (13), o candidato à presidência do EUA, Donald Trump, sofreu um atentado durante um ato de campanha. O consenso do mercado é que a tentativa de homicídio contra Trump o consolida na disputa à Casa Branca.
Na avaliação de Alexandre Mathias, economista e estrategista-chefe da Monte Bravo Corretora, com a consolidação de Trump, o dólar pode se fortalecer e haver aumento da inclinação da curva de juros devido ao maior risco fiscal, com menos impostos e o risco de inflação com a proposta de tributar as importações, em um eventual governo Trump. “As ações de empresas ligadas ao armamento, aos gastos militares e às farmacêuticas, tendem a serem favorecidas”, estima.
O economista da Monte Bravo ressalta que depois do desempenho desastroso do atual mandatário dos Estados Unidos, Joe Biden, em debate na televisão recentemente, Trump já era franco favorito. “Mas depois do atentado esse favoritismo vai aumentar ainda mais. A imagem de Donald Trump ensanguentado e de punho erguido na Pensilvânia contra o pano de fundo de uma bandeira americana sob o sol entrará instantaneamente para a história como um daqueles momentos que definem uma era”, menciona Mathias.
Já o presidente da Steno Research, Andreas Steno Larsen, estima que o ataque ao ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump pode gerar reação no mercado semelhante à que se seguiu à tentativa de assassinato do então presidente americano, Ronald Reagan, em 1981. À época, os juros dos Treasuries (títulos de dívida pública americana) avançaram, o euro caiu 3% ante o dólar e os mercados acionários ficaram estagnados por três semanas. “Eu apostaria em uma tendência semelhante aqui, presumindo que [o episódio] tenha algum impacto”, afirmou Larsen, em nota.
Larsen avalia ainda que o atentado deve melhorar ainda mais a posição de Trump nas pesquisas de intenções de voto. Segundo ele, o quadro potencialmente tornará inúteis os esforços de democratas para salvar a campanha de Biden, já debilitada após o debate no final do mês passado.
Como o mercado reage ao atentado contra Trump
De acordo com Karl Schamotta, estrategista-chefe de mercados da empresa global de pagamentos Corpay, os investidores devem adotar uma postura defensiva após o ataque contra o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Segundo ele, o aumento das incertezas provavelmente se traduzirá em fortalecimento do dólar.
Schamotta explica ainda que o atentado amplia a chance de Trump voltar à Casa Branca com controle integral do Congresso pelos republicanos. Neste cenário, o mandato seria marcado pela implementação de uma agenda que inclui redução de impostos e elevação de tarifas contra parceiros comerciais, de acordo com estrategista. “É uma combinação de políticas que poderá ampliar a inflação nos EUA, piorar a posição fiscal do país e prejudicar os fluxos comerciais globais, mesmo que apoie as valuations mais elevadas do mercado de ações americano”, estima.
Os contratos futuros do petróleo operam em baixa modesta na manhã desta segunda-feira, ampliando perdas da semana passada, à medida que o dólar se fortalece após o atentado sofrido pelo ex-presidente dos EUA Donald Trump no fim de semana. Operadores também avaliam dados de crescimento da China mais fracos do que o esperado. Às 8h20 (de Brasília), o barril do petróleo WTI para agosto caía 0,15% na Nymex, a US$ 80,90, e o do Brent para setembro recuava 0,13% na ICE, a US$ 84,92.
Já os rendimentos dos Treasuries de longo prazo operam em alta na manhã desta segunda-feira, após caírem por três sessões consecutivas, enquanto investidores aguardam comentários do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, na tarde desta segunda-feira.
Também no radar, seguirá a repercussão do atentado sofrido pelo ex-presidente dos EUA Donald Trump no fim de semana. Às 8h26 (de Brasília), o juro da T-note de 2 anos caía marginalmente, a 4,455%, enquanto o da T-note de 10 anos subia a 4,227% e o do T-bond de 30 anos aumentava a 4,461%.
Matéria publicada pelo E-Investidor no dia 15/07/2024, às 09h08 (horário de Brasília)