EUA enviam submarino com mísseis guiados ao Oriente Médio em meio a tensões crescentes com o Irã

Os EUA estão enviando um submarino com mísseis guiados para o Oriente Médio, reforçando sua presença regional em meio a temores de que o Irã e seus aliados estejam prestes a retaliar contra Israel pelo assassinato de importantes figuras do Hamas e do Hezbollah.

O secretário de defesa dos EUA, Lloyd Austin, também ordenou que o porta-aviões USS Abraham Lincoln, que está equipado com caças F-35, “acelere sua viagem para a região” à luz das “tensões crescentes”.

“O secretário Austin reiterou o compromisso dos Estados Unidos de tomar todas as medidas possíveis para defender Israel”, disse o Pentágono em um comunicado no domingo, após Austin ter conversado com seu homólogo israelense, Yoav Gallant.

O escritório de Gallant disse nesta segunda-feira que ele e Austin discutiram a “interoperabilidade” das forças israelenses e americanas na região. Gallant alertou no domingo que “quem nos prejudicar de uma maneira que não foi feita antes, provavelmente será atingido de uma maneira que ainda não foi feita antes”.

“Espero que eles pensem bem e não cheguem ao ponto de nos forçar a causar danos significativos e aumentar as chances de uma guerra se espalhar para outras frentes. Não queremos isso, mas devemos estar preparados”, disse ele.

O Irã tem prometido “punir” Israel desde que o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, foi assassinado em Teerã no mês passado, poucas horas depois de ele ter participado da inauguração do novo presidente do Irã, Masoud Pezeshkian.

Enquanto isso, o Hezbollah prometeu retaliar contra Israel pelo assassinato, um dia antes, de Fuad Shukr — um dos comandantes mais seniores do grupo militante libanês — em resposta a um suposto ataque de mísseis do Hezbollah que matou 12 jovens em um campo de futebol nas Colinas de Golã, ocupadas por Israel.

Embora Israel tenha reconhecido que estava por trás da morte de Shukr, não confirmou nem negou que tenha matado Haniyeh, seguindo sua política de longa data de não comentar operações no Irã.

Mas tanto o Irã quanto o Hamas culparam Israel pelo assassinato de Haniyeh, o que aumentou os temores de que a região possa estar se aproximando de uma guerra total, e deixou diplomatas dos EUA e de outros países trabalhando freneticamente para desescalar a situação.

Os líderes da França, Alemanha e Reino Unido pediram ao Irã e seus aliados “que se abstenham de ataques que aumentariam ainda mais as tensões regionais”.

“Nenhum país ou nação se beneficiará de uma escalada maior no Oriente Médio”, disseram os líderes em uma declaração conjunta na segunda-feira.

A declaração, assinada pelo presidente francês Emmanuel Macron, pelo chanceler alemão Olaf Scholz e pelo primeiro-ministro britânico Keir Starmer, pediu um cessar-fogo imediato na guerra de 10 meses entre Israel e o Hamas, e para que o grupo militante palestino liberte os reféns que ainda mantém após o ataque de 7 de outubro a Israel que desencadeou as hostilidades.

O presidente dos EUA, Joe Biden, e os líderes do Catar e do Egito disseram na semana passada que os mediadores estavam fazendo um esforço urgente para retomar as negociações de reféns na quinta-feira, na esperança de garantir um cessar-fogo e evitar uma escalada maior.

Matéria publicada pelo Financial Times no dia 12/08/2024, às 06h48 (horário de Brasília)