IPCA-15 de agosto desacelera para 0,19%, mas gasolina impulsiona alta de preços

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) – considerado a prévia da inflação oficial no país – subiu 0,19% em agosto, após alta de 0,30% em julho, informou nesta terça-feira (27) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em agosto de 2023, o IPCA-15 tinha subido 0,28%.

O resultado ficou na mediana das 30 projeções de analistas de consultorias e instituições financeiras consultados pelo Valor Data, que estimavam alta de 0,19% em agosto. O intervalo das estimativas ia de alta de 0,09% a 0,29%.

Com o dado de agosto, o IPCA-15 acumula alta de 4,35% em 12 meses. Até agora, o resultado em 12 meses era de 4,06%. Já o resultado acumulado do IPCA-15 no período de janeiro a agosto de 2024 atingiu 3,02%.

O resultado em 12 meses também ficou na mediana das 29 estimativas coletadas pelo Valor Data, que era de 4,35%, com intervalo entre 4,25% e 4,46%. A meta de inflação perseguida pelo Banco Central para 2023 é de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima.

A gasolina foi a principal influência individual para a alta do IPCA-15 em agosto, com variação de 3,33% e impacto de 0,17 ponto percentual.
O IPCA-15 é uma prévia do IPCA, calculado com base em uma cesta de consumo típica das famílias com rendimento entre um e 40 salários mínimos. O indicador abrange nove regiões metropolitanas (Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba), além das cidades de Brasília e Goiânia. A diferença em relação ao IPCA está no período de coleta e na abrangência geográfica.

Gasolina

Em julho, a gasolina já tinha avançado 1,43%. A variação de 3,33% de agosto foi a maior alta mensal desde setembro de 2023, quando tinha sido de 5,18%. O item é o de maior peso no cálculo da inflação, diante do seu peso no orçamento das famílias.

O impacto de 0,17 ponto percentual da gasolina no IPCA-15 é o mesmo que dizer que se o preço desse combustível tivesse ficado estável, o IPCA-15 teria subido apenas 0,02%. Outros itens, no entanto, também pressionaram o índice, chegando ao resultado final de alta de 0,19%.

O movimento da gasolina foi influenciado pelo reajuste de 7,11% do preço do combustível para as distribuidoras, determinado pela Petrobras em 8 de julho. O repasse para o consumidor foi captado pelo IPCA-15 de agosto, cujo período de coleta de preços ocorreu entre 16 de julho e 14 de agosto.

O IPCA-15 de agosto também registrou altas de preços em outros combustíveis, como etanol (5,81%), gás veicular (1,31%) e óleo diesel (0,85%). Na média, o preço dos combustíveis subiu 3,47%.

Desaceleração

O comportamento das nove classes de despesas usadas para cálculo do IPCA-15 foi dividido na passagem entre julho e agosto. Quatro delas tiveram aceleração, quatro registraram desaceleração e uma ficou estável. A alta da prévia da inflação oficial desacelerou de 0,30% em julho para 0,19% em agosto.

Foram observadas desacelerações nas variações de preços na passagem entre julho e agosto em alimentação e bebidas (de -0,44% para -0,80%); habitação (de 0,49% para 0,18%); transportes (de 1,12% para 0,83%); e saúde e cuidados pessoais (de 0,33% para 0,27%).

Por outro lado, foram observadas taxas maiores em artigos de residência (de 0,24% para 0,71%); vestuário (de -0,08% para 0,09%); despesas pessoais (de 0,32% para 0,43%); e educação (de 0,06% para 0,75%).

A alta do grupo comunicação, por sua vez, ficou estável: foi de 0,09% em julho e também 0,09% em agosto.

Alimentos

A deflação nos preços de alimentação e bebidas acelerou de 0,44% em julho para 0,80% em agosto, segundo IPCA-15. No subgrupo alimentação no domicílio, a deflação foi ainda mais intensa, de 0,70% em julho e 1,30% em agosto.

Cinco dos sete itens que mais pressionaram o IPCA-15 para baixo foram alimentos.

A maior pressão veio do tomate, cujo preço caiu 26,59%, com influência de -0,08 ponto percentual no IPCA-15. Isso significa dizer que se o preço do tomate tivesse ficado estável, o IPCA-15 teria subido 0,27% e não 0,19%.

A batata-inglesa foi a segunda maior influência para baixo no IPCA-15. O preço do tubérculo caiu 13,13%, com impacto de -0,04 ponto percentual.

Outros alimentos com deflação e que se destacaram entre as maiores pressões foram cebola – queda de 11,22% do preço e impacto de – 0,03 ponto percentual; cenoura – recuo de 25,06% no preço, e influência de -0,02 ponto percentual; e leite longa vida – o preço caiu 2,15% e pesou com -0,02 ponto percentual no IPCA-15.

A alimentação fora do domicílio, por sua vez, teve alta de 0,49% do preço, acima dos 0,25% de julho, devido às altas mais intensas do lanche (de 0,24% em julho para 0,76% em agosto) e da refeição (0,23% em julho para 0,37% em agosto).

No resultado do IPCA de julho, em que também houve deflação do preço de alimentos, o gerente do índice, André Almeida, explicou que a queda dos preços era resultado das melhores condições climáticas e da intensificação da safra e da produção no país.

Há uma maior oferta dos alimentos de maneira geral, com intensificação da safra, em itens como tomate, batata-inglesa e cenoura, por exemplo”, afirmou, na ocasião.

Índice de Difusão e núcleos

A prévia da inflação oficial brasileira se espalhou mais pelos itens que compõem o IPCA-15 em agosto. O chamado Índice de Difusão, que mede a proporção de bens e serviços que tiveram aumento de preços no período, subiu para 53,1% neste mês, vindo de 51,2% na prévia de julho e maior percentual desde junho (56,9%), segundo cálculos do Valor Data considerando todos os itens da cesta.

Sem alimentos, um dos grupos considerados mais voláteis, o indicador também mostrou maior abrangência das altas de preços, de 53,2% para 58,5%, retornando ao nível de maio.

Já a média dos cinco núcleos do IPCA-15 monitorados pelo Banco Central desacelerou para 0,29% em agosto, vindo de 0,34% em julho, segundo cálculos da MCM Consultores.

No IPCA-15 acumulado em 12 meses, a média dos cinco núcleos recuou de 3,75% para 3,70%.

A meta de inflação anual perseguida pelo BC é de 3,0% em 2024, 2025 e 2026, sempre com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Matéria publicada pelo Valor Econômico no dia 27/08/2024, às 09h25 (horário de Brasília)