Brasil deve atingir maior nível de importação de diesel em dois anos
O Brasil deve importar em outubro o maior volume mensal de diesel registrado nos últimos dois anos, à medida que os agricultores colhem a safra de milho e a economia resiliente do país sustenta a demanda dos caminhoneiros.
Espera-se que as importações de diesel cheguem a 452.000 barris por dia em outubro, de acordo com a empresa de inteligência marítima Kpler. Isso segue fortes importações em setembro, com os agricultores acelerando o uso de máquinas para colher a safra de milho, que é, em grande parte, transportada de caminhão para os portos e centros de consumo.
O Banco Central do Brasil recentemente aumentou sua previsão de crescimento para 2024, à medida que a maior economia da América Latina se expande de acordo com as estimativas mais otimistas. A demanda total de diesel do país — um termômetro da atividade econômica, já que a maioria dos bens do país é transportada por caminhão — tem crescido nos últimos três meses, atingindo um pico de um ano em agosto.
No entanto, as refinarias do Brasil não produzem diesel suficiente, deixando o país cronicamente carente do combustível. A maior parte do diesel importado pelo país vem da Rússia, que foi evitada por compradores na Europa e nos Estados Unidos. Agora, com as refinarias russas passando por manutenção e os preços do diesel nos EUA caindo, os EUA conseguiram aumentar sua participação nas importações brasileiras.
“O diesel russo meio que dominou a cena desde o ano passado”, disse Felipe Perez, chefe de pesquisa e estratégia de combustíveis e refino para a América Latina da S&P Global. No entanto, “o diferencial entre o diesel russo e o diesel da Costa do Golfo dos EUA está desaparecendo”.
Os fundos hedge no mês passado tornaram-se os mais pessimistas em relação ao diesel desde 2006, de acordo com dados da CFTC, com o sentimento prejudicado pela perspectiva de desaceleração da economia global.
A concorrência por embarques de diesel para o Brasil pode esquentar à medida que a refinaria Dangote, na Nigéria, e a instalação Dos Bocas, no México, se tornem totalmente operacionais, potencialmente causando um excesso de oferta, disse Perez.
Matéria publicada pelo Bloomberg no dia 03/10/2024, às 14h18 (horário de Brasília)