Sim Distribuidora compra ativos da TotalEnergies e se expande no Brasil
A TotalEnergies vendeu sua distribuidora de combustíveis no Brasil, que opera uma rede com 240 postos além de bases de armazenamento em diferentes Estados, para a gaúcha Sim Distribuidora. Com a operação, a petroleira francesa sai do negócio no mercado brasileiro, para se concentrar em exploração e produção de gás natural e petróleo e energias renováveis, um movimento que já vem sendo feito em outras regiões.
O valor da transação não foi revelado, mas fontes do setor dizem que esses ativos valem cerca de R$ 300 milhões. É um negócio relativamente pequeno, mas foi com aquisições desse porte que a Sim acabou avançando para o grupo das grandes distribuidoras de combustíveis no país.
Com a nova compra, a distribuidora gaúcha, que ainda tem uma atuação muito concentrada na região Sul, se coloca entre as cinco maiores no setor. No topo do ranking aparecem Raízen (Shell/Cosan), Ipiranga (grupo Ultra) e Vibra (ex-BR), com larga vantagem em relação à quarta colocada, a Ale (Glencore) — ainda são bilhões de litros de diferença em relação às líderes.
Com a perspectiva de movimentar cerca de 4 bilhões de litros de combustíveis em 2025, a Sim teria condições de ultrapassar a Ale, que ainda não definiu a meta para o próximo ano. Em 2024, segundo fontes do setor, a distribuidora controlada pela Glencore segue na quarta posição, com 3,2 bilhões de litros, à frente da Sim.
Embora tenha havido concorrência pelos ativos, o negócio não interessou às duas maiores líderes desse mercado, afirmam duas fontes a par do assunto. De pequeno porte, a operação também é considerada de baixa escala e a localização dos postos não é vista como estratégica para as maiores distribuidoras de combustíveis do país.
Para a Sim, a transação corresponde a mais um movimento dentro da estratégia de expansão geográfica de seus negócios. Além dos 240 postos de combustíveis, a empresa do grupo Argenta traz para suas operações mais 2 filiais de TRR (sigla para Transportador Revendedor Retalhista, que são empresas autorizadas pela ANP a comprar combustíveis a granel e revendê-los de forma retalhada) e 17 bases de armazenamento de combustíveis e de etanol. Procurada, a TotalEnergies não se manifestou até o fechamento desta reportagem.
O negócio também abre as portas para a distribuidora gaúcha se consolidar na região Centro-Oeste e amplia sua posição no Sudeste, em especial em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
No ano passado, o grupo gaúcho selou uma parceria com a Petronas para abrir postos com a bandeira da multinacional no Brasil. A parceria teve início pelo Estado de São Paulo e, inicialmente, seriam de três a cinco estações entre as cidades de Campinas e São Paulo. A bandeira já pode ser encontrada no quilômetro 44 da rodovia Castelo Branco, na avenida Faria Lima e na avenida Corifeu de Azevedo Marques, na capital paulista.
O plano é levar a marca Petronas para novos mercados e abrir 1 mil postos de serviço com a bandeira em todo o país nos próximos anos.
Com a transação com a TotalEnergies, a Sim vai adicionar cerca de 1 bilhão de litros por ano ao seu negócio e passa a operar em 40 terminais, com clientes em 9 Estados e no Distrito Federal. “Estamos escrevendo um novo capítulo da nossa trajetória, colocando a Sim Distribuidora entre os maiores players brasileiros em seu ramo de atuação”, disse ao Valor o presidente do grupo, Neco Argenta.
Há cerca de dois anos, a Sim fechou a compra de outra distribuidora de combustíveis, a Charrua, dona de uma bandeira de postos tradicional no Sul do país e com presença, naquele momento, em 188 cidades do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Com a aquisição, acrescentou 250 postos da marca a suas operações.
Assim como no negócio com a TotalEnergies, a transação foi intermediada pela consultoria Bateleur e compreende outras duas empresas, Charrua Diesel e Arco Diesel, que atuam em TRR. Meses antes, a Sim havia anunciado a compra da Querodiesel.
A TotalEnergies vem se desfazendo do negócio de distribuição de combustíveis em diferentes regiões, diante do avanço da produção de veículos elétricos frente aos de combustão.
Matéria publicada pelo Valor Econômico no dia 17/10/2024, às 12h05 (horário de Brasília)