Petrobras avalia dividendos extraordinários após novo plano de investimentos
O diretor Financeiro da Petrobras, Fernando Melgarejo, afirmou nesta sexta-feira (8) que a empresa só decidirá pela distribuição de dividendos extraordinários após a definição de seu novo plano de investimentos para os próximos cinco anos, em novembro.
Analistas esperavam que a estatal anunciasse na quinta o pagamento de ao menos parte dos recursos retidos no início do ano, em processo conturbado que resultou na demissão do ex-presidente da estatal, Jean Paul Prates.
A distribuição de metade dos R$ 44 bilhões em dividendos retidos foi aprovada em abril, em recuo do governo dois meses após a crise. Atualmente, a reserva de remuneração da empresa tem R$ 15,5 bilhões.
“Pelas melhores práticas, dividendos extraordinários devem ser avaliados diante da construção do planejamento estratégico”, afirmou Melgarejo, em entrevista para detalhar o lucro de R$ 32,5 bilhões registrado pela empresa no terceiro trimestre.
“É o momento em que a gente faz uma visão de curto, médio e longo prazo da companhia, da geração de caixa, do caixa inicial que a gente vai trabalhar, qual o nível de investimento que a gente vai alocar”, completou.
A expectativa é que a companhia amplie o valor de investimentos em relação ao plano anterior, para algo em torno de US$ 110 bilhões (R$ 630 bilhões), com a inclusão de novos projetos em setores abandonados pelas gestões anteriores.
Na semana passada, a estatal anunciou mais um passo nesse sentido, a retomada das obras da fábrica de fertilizantes de Três Lagoas (MS), paralisada desde 2015, que consumirá cerca de R$ 3,5 bilhões.
Na entrevista desta quinta, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, evitou antecipar detalhes sobre o plano, dizendo apenas que manterá o foco na exploração e produção de petróleo e gás, com algum “cuidado” com as refinarias da empresa.
Pelo resultado do terceiro trimestre, a estatal anunciou a distribuição de R$ 17,1 bilhões em dividendos, que somarão, ao longo do ano R$ 44,1 bilhões —contando os valores já aprovados nos dois primeiros trimestres.
O pagamento anunciado nesta quinta, porém, só será feito em 2025, após o encerramento do resultado anual. A empresa diz que a espera tem o objetivo de avaliar, ao fim do ano, qual a melhor estratégia tributária para a remuneração aos acionistas.
Magda disse que o lucro registrado pela empresa no terceiro trimestre foi “grandioso”, principalmente pelo cenário adverso de queda do preço do petróleo. O desempenho reflete o aumento das vendas de petróleo e derivados da empresa e o maior uso de petróleo nacional para produzir combustíveis no país.
“O que estamos reafirmando para vocês é o êxito das escolhas que nós fizemos. Entendemos que estamos no caminho certo”, disse Magda.
Em relatórios divulgados nesta sexta, analistas de bancos disseram que o resultado foi superior ao esperado e que ainda esperam para este ano anúncio sobre a distribuição dos dividendos extraordinários.
Rodrigo Almeida e Eduardo Muniz, do Santander, avaliaram que a empresa apresentou um resultado sólido e que sua robusta posição de caixa deve permitir pagamentos adicionais de dividendos extraordinários no fim do ano, provavelmente no lançamento do novo plano estratégico.
Matéria publicada pela Fecombustíveis no dia 11/11/2024, às 07h00 (horário de Brasília)