OPEP+ mantém cortes da produção de petróleo até abril de 2026

A OPEP+ adiou o aumento de sua produção de petróleo por três meses, segundo delegados, marcando a terceira vez que o movimento é adiado, enquanto os preços do petróleo enfrentam dificuldades em meio à previsão de um excedente iminente.

O grupo, liderado pela Arábia Saudita e pela Rússia, postergou a série de aumentos na oferta, que deveria começar com um incremento de 180 mil barris por dia em janeiro. Em vez disso, o aumento será iniciado em abril, e os cortes serão revertidos em um ritmo mais lento do que o planejado anteriormente, segundo um delegado que pediu anonimato, pois a informação não é pública.

Os Emirados Árabes Unidos também não aumentarão a produção até abril, disse outro delegado. O país havia conquistado anteriormente o direito — separado dos cortes de produção do grupo — de adicionar gradualmente 300 mil barris por dia em etapas mensais a partir de janeiro, em reconhecimento aos seus investimentos recentes na capacidade de produção.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus parceiros haviam anunciado pela primeira vez em junho que restaurariam a produção interrompida desde 2022, retomando 2,2 milhões de barris por dia em parcelas mensais. No entanto, os planos foram frustrados devido à queda na demanda por petróleo na China, o maior consumidor mundial, enquanto a oferta cresce nos EUA, Brasil e Canadá. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), os mercados globais enfrentarão um excedente em 2025, mesmo que a OPEP+ não adicione um único barril.

Indicando o dilema de oferta da OPEP+, o acordo de quinta-feira significa que o grupo só terá revertido totalmente os chamados cortes voluntários de produção em setembro de 2026, um ano completo após o planejado inicialmente.

Os preços do petróleo caíram cerca de 18% desde o início de julho, enquanto os traders ignoraram a turbulência no Oriente Médio e focaram na desaceleração da China, que enfrenta uma série de desafios econômicos. Citigroup Inc. e JPMorgan Chase & Co. preveem que o preço do petróleo continuará caindo para a faixa dos US$ 60 no próximo ano, mesmo que a OPEP+ continue restringindo a produção.

O petróleo Brent subiu 0,2%, atingindo US$ 72,49 por barril às 12h43 no mercado de Londres.

Isso representa uma ameaça financeira para muitos membros, incluindo os sauditas, que já foram forçados a cortar gastos com planos de transformação econômica ambiciosos. Seu aliado no mercado de petróleo, o presidente russo Vladimir Putin, busca receita para continuar a guerra na Ucrânia.

Pausar a retomada da oferta também dá à OPEP+ algum tempo para avaliar o impacto do retorno de Donald Trump à presidência dos EUA. Ele sinalizou que pode renovar a campanha de “pressão máxima” sobre as exportações de petróleo do Irã, usada em seu primeiro mandato para conter o programa nuclear de Teerã. A restrição às vendas de petróleo da República Islâmica poderia abrir uma lacuna para seus adversários no Oriente Médio preencherem.

Por outro lado, Trump também alertou sobre tarifas comerciais punitivas contra vários países, incluindo a China, o que poderia prejudicar ainda mais a atividade econômica de Pequim e o consumo de combustíveis.

Matéria publicada pelo Bloomberg no dia 05/12/2024, às 09h04 (horário de Brasília)