China intensifica estímulos fiscais com foco em consumo e negócios
A China aumentará drasticamente o financiamento por meio de títulos do tesouro ultralongos em 2025 para impulsionar investimentos empresariais e iniciativas voltadas ao consumo, informou um funcionário do planejador estatal nesta sexta-feira, à medida que Pequim intensifica estímulos fiscais para revitalizar sua economia em dificuldades.
Títulos especiais do tesouro serão utilizados para financiar modernizações em larga escala de equipamentos e programas de troca de bens de consumo, afirmou Yuan Da, secretário-geral adjunto da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC), em uma coletiva de imprensa.
“O volume de fundos provenientes de títulos especiais ultralongos do governo será drasticamente ampliado este ano para intensificar e expandir a implementação das duas novas iniciativas”, disse Yuan.
No programa lançado no ano passado, os consumidores podem trocar carros ou eletrodomésticos antigos por novos, com desconto, além de outro programa que subsidia modernizações em larga escala de equipamentos para empresas.
As famílias também serão elegíveis para subsídios para adquirir três tipos de produtos digitais neste ano, incluindo celulares, tablets, relógios inteligentes e pulseiras, informou Yuan.
Em dezembro, a NDRC anunciou que Pequim havia alocado integralmente todos os recursos provenientes de 1 trilhão de yuans (US$ 136,68 bilhões) em títulos especiais ultralongos para 2024, com cerca de 70% destinados a “dois grandes projetos” e o restante para as novas iniciativas.
Os líderes chineses prometeram “impulsionar vigorosamente” o consumo neste ano, aumentando as expectativas de mais medidas políticas para estimular a demanda e combater os riscos deflacionários.
Milhões de trabalhadores do governo em toda a China receberam aumentos salariais inesperados nesta semana, segundo pessoas afetadas pela medida, enquanto Pequim busca aumentar os gastos.
A China também aumentará o financiamento com títulos especiais do tesouro e expandirá o escopo de outro programa que apoia setores estratégicos chave, afirmou Zhao Chenxin, vice-chefe do planejador estatal, durante a coletiva.
O governo já aprovou projetos para 2025 no valor de 100 bilhões de yuans sob este esquema, disse Zhao.
Os grandes programas referem-se a projetos como construção de ferrovias e aeroportos, desenvolvimento de terras agrícolas e aumento da capacidade de segurança em áreas estratégicas, de acordo com documentos oficiais.
A segunda maior economia do mundo tem enfrentado dificuldades nos últimos anos devido a uma grave crise imobiliária, alta dívida de governos locais e fraca demanda dos consumidores. As exportações, um dos poucos pontos positivos, podem enfrentar mais tarifas dos Estados Unidos sob um segundo governo de Donald Trump.
A Reuters informou no mês passado que as autoridades concordaram em emitir 3 trilhões de yuans em títulos especiais do tesouro em 2025, o maior valor já registrado.
Estímulo fiscal forte esperado
É provável que a China permita que os governos locais aumentem a emissão de títulos especiais para 4,7 trilhões de yuans este ano, acima dos 3,9 trilhões de yuans de 2024, afirmou Zhang Ming, economista sênior da Academia Chinesa de Ciências Sociais, um importante think tank estatal.
A soma combinada de títulos especiais do tesouro e locais e o déficit orçamentário anual pode se aproximar de 13 trilhões de yuans este ano, ou 9-10% do Produto Interno Bruto (PIB), disse Zhang em um artigo publicado no site do China Chief Economist Forum.
“Esse nível de déficit abrangente seria raro na história”, observou Zhang.
A Reuters relatou no mês passado que os líderes chineses concordaram em aumentar o déficit orçamentário para 4% do PIB em 2025, o mais alto já registrado na China, enquanto mantêm uma meta de crescimento econômico de cerca de 5%.
Yuan, da NDRC, afirmou que a China tinha amplo espaço político para sustentar o crescimento este ano.
“Estamos plenamente confiantes em impulsionar uma recuperação econômica contínua neste ano.”
O banco central da China provavelmente reduzirá sua taxa de política principal, atualmente em 1,5%, “no momento apropriado” em 2025, informou o Financial Times nesta sexta-feira, citando comentários do banco ao jornal, como parte dos esforços de Pequim para apoiar o crescimento.
Matéria publicada pela Reuters no dia 03/01/2025, às 06h52 (horário de Brasília)