Governo vê espaço para segurar reajuste da Petrobras com aposta em cenário econômico favorável
Integrantes do governo próximos ao conselho de administração da Petrobras avaliam que o reajuste dos combustíveis poderá ser evitado por mais algumas semanas se as premissas da nova política de preços da petroleira, baseadas no custo interno de produção dos derivados, mostrarem que os valores praticados não extrapolaram os limites definidos e também se o cenário econômico continuar favorável à acomodação do câmbio e do Brent em patamares mais baixos.
Por mais que o assunto chegue ao conselho de administração, a decisão sobre elevar ou não os preços seguem com a diretoria executiva da estatal e, desta forma, uma atualização de valores nos próximos dias não estaria descartada.
Uma fonte informou ao Valor que, apesar da recente disparada do câmbio e do aumento do barril de petróleo no exterior, a variação ainda estaria dentro da margem de tolerância da nova política de preços — ou seja, sem resultar em prejuízo para a estatal.
Oscilar dentro da margem, explicou a fonte, não quer dizer que não haja defasagem em relação aos preços de compra dos derivados no mercado internacional. Na prática, a Petrobras está comercializando a gasolina e, especialmente, o diesel com margens mais apertadas, porém ainda sem registrar prejuízo, afirmou a fonte. É o que os executivos da companhia, ligados ao governo, chamam de “abrasileirar” o preço dos combustíveis desde o início da gestão Lula 3.
Além do apego às premissas da nova política, fontes oficiais próximas à Petrobras consideram que o cenário econômico para o preço do Brent e o câmbio no fim de janeiro é considerado melhor do que vinha sendo observado no fim de 2024. Isso tem alimentado a tese de que o reajuste do diesel poderia aguardar um pouco mais.
O maior desafio para a Petrobras será convencer o mercado de que o reajuste dos combustíveis pode esperar um pouco. Há mais de um ano o preço do litro do diesel nas refinarias da estatal não é atualizado. Os acionistas minoritários devem ser os primeiros a disparar críticas se não houver aumento de preço nos próximos dias.
Procurada, a Petrobras não respondeu até o fechamento deste texto.
Matéria publicada no Valor Econômico, no dia 28/01, às 20:39 (horário de Brasília)