Atraso no aumento da mistura de biodiesel compromete investimentos, dizem produtores
Produtores de biodiesel criticaram nesta terça (18/2) a decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) de adiar o aumento da mistura de biodiesel no diesel, que passaria de 14% para 15% em 1º de março.
De acordo com a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio), o adiamento parte de uma visão equivocada do impacto da evolução da mistura de biodiesel na inflação e afetará toda a cadeia de negócios relacionada ao setor, uma vez que chega a 15 dias do início do aumento previsto desde dezembro de 2023.
“Parecia inconcebível ter uma quebra de compromisso estabelecidos pelo país nesse processo de transição energética a partir da aprovação do Combustível do Futuro, mas uma visão equivocada do impacto da evolução da mistura de biodiesel na inflação vai comprometer o desempenho em toda a cadeia produtiva, colocando em risco altos volumes de investimentos anunciados”, disse Francisco Turra, presidente do Conselho de Administração da Aprobio.
Em reunião nesta manhã, o CNPE votou pela manutenção da mistura B14 (14% de biodiesel) até o próximo encontro do colegiado, para nova discussão. Ainda não há uma data para isso, no entanto.
Entre as justificativas está a tentativa de evitar nova alta no diesel vendido nos postos. Segundo o Índice de Preços Edenred Ticket Log (IPTL) o diesel comum fechou janeiro com preço médio de R$ 6,23 — alta de 0 48% na comparação com a média do mês anterior –, enquanto o S-10 foi vendido ao preço médio de R$ 6,31, após alta de 0,64%.
Também pesa na decisão o preço do óleo de soja e a sua participação na inflação dos alimentos.
No final de janeiro, o presidente Lula (PT) questionou se haveria relação entre o preço do óleo e a produção do biodiesel e afirmou que “chamaria o setor para conversar” e esclarecer se o esmagamento de soja para produzir o biocombustível tem relação com o preço do óleo alimentício.
Em nota, a Aprobio afirma que o valor do biodiesel está em queda em função da redução do valor do óleo de soja e da desvalorização do dólar.
“A Aprobio destaca que não há nenhum vínculo entre o aumento do uso de biodiesel e o preço do óleo de soja, mas há um impacto real da decisão nos planos de investimentos anunciados pelo setor produtivo, com reflexos para a agricultura familiar e para a competitividade dos preços de alimentos que dependem do farelo de soja para as rações animais”.
Matéria publicada no portal Eixos, no dia 18/02, às 14:13 (horário de Brasília)