Com produção menor e petróleo mais barato, Petrobras deve ter queda no resultado do trimestre
Depois de registrar queda de 10,5% na produção de petróleo e gás no quarto trimestre de 2024, a Petrobras deve trazer resultados financeiros menores em comparação com igual período do ano anterior. Conforme levantamento do Valor com seis bancos e corretoras, o lucro líquido, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado e a receita da petroleira devem ser menores entre outubro e dezembro de 2024, impactados ainda pela cotação do petróleo Brent mais baixa.
Conforme o Goldman Sachs, a commodity teve uma média de US$ 82,9 por barril no quarto trimestre de 2023, enquanto o valor médio de igual período de 2024 foi de US$ 74 por barril.
A Petrobras divulga resultados na quarta-feira (26), após o fechamento dos mercados. Os bancos esperam ainda que haja anúncio de pagamento de dividendos ordinários.
O lucro líquido da Petrobras no quarto trimestre deve ser de R$ 17,1 bilhões, segundo a média calculada com base nas estimativas de Goldman Sachs, Itaú BBA, Ativa Investimentos, Citi, BTG Pactual e Santander. O valor representa um recuo de 44% em relação a igual período de 2023.
O Ebitda ajustado da companhia, uma das principais linhas observadas pelo mercado, deve ser de R$ 59,7 bilhões, queda de 10,6% ante o quarto trimestre de 2023. A receita líquida deve sofrer queda de 9,9%, para R$ 120,8 bilhões.
A maior estimativa de lucro líquido é do Santander, R$ 30,4 bilhões. A menor é do Citi, de R$ 6,9 bilhões. No Ebitda, maior estimativa é da Ativa Investimentos, de R$ 62,6 bilhões, enquanto o BTG Pactual tem a menor, de R$ 53,5 bilhões. O Goldman Sachs é o banco com maior estimativa de receita, de R$ 128,1 bilhões. O BTG Pactual tem a menor estimativa de receita, de R$ 104,3 bilhões.
Para o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, além da menor produção, afetada por paradas de manutenção no quarto trimestre, as margens de refino também podem impactar os números da Petrobras no período: “Sazonalmente, o último trimestre é mais fraco para o diesel, o que trouxe vendas mais baixas. Precisamos observar se os preços defasados, somados com a depreciação cambial, afetaram as margens. A companhia passou o último trimestre inteiro com o preço do diesel defasado. Para a Petrobras, exploração e produção, em termos de rentabilidade, é a área mais importante, mas no quarto trimestre tivemos produção também mais baixa.”
Os bancos esperam que a Petrobras anuncie o pagamento de dividendos ordinários junto com os resultados na quarta (26). O Santander espera que o montante seja de R$ 12,8 bilhões. Citi e Itaú estimam dividendos em US$ 2,6 bilhões, ou R$ 14,89 bilhões, conforme fechamento do dólar na sexta-feira (21). O Goldman Sachs espera dividendos de US$ 2,4 bilhões, ou R$ 13,75 bilhões.
Conforme a estatal, a produção de petróleo, gás natural e líquido de gás natural (LGN) da Petrobras no quarto trimestre do ano passado somou 2,59 milhões de barris de óleo equivalente por dia (BOE/dia), uma queda de 10,5% na comparação com igual período de 2023. A produção de petróleo e LGN ficou em 2,09 milhões de barris/dia entre outubro e dezembro, uma queda de 11,5% frente a igual período do ano anterior, enquanto a produção de gás natural foi de 507 mil BOE/dia, um recuo de 6,1% na comparação com o quarto trimestre de 2023.
As vendas de derivados da companhia no mercado interno entre outubro e dezembro do ano passado somaram 1,758 milhão de barris por dia, alta de 1,4% frente aos três últimos meses de 2023. As exportações de petróleo no quarto trimestre foram de 508 mil barris diários, um recuo de 19,9% frente ao quarto trimestre de 2023. Em termos de exportação total, que soma petróleo e derivados, foram vendidos 692 mil barris por dia no quarto trimestre, 21,8% a menos que no quarto trimestre de 2023.
Segundo o Goldman Sachs, há a expectativa de que a diretoria da Petrobras dê mais detalhes sobre oportunidades de fusões e aquisições durante a teleconferência de resultados, agendada para quinta-feira às 12h. O banco espera que a companhia fale sobre oportunidades que têm visto no mercado de etanol, em que a Petrobras anunciou em novembro que tinha interesse em retomar. Em relatório, o Goldman Sachs também diz esperar sinalizações sobre futuros pagamentos de dividendos extraordinários.
No resultado anual, a companhia também deve apresentar quedas. Conforme a média calculada, a Petrobras deve registrar recuo de 43,9% no lucro líquido de 2024 em comparação com 2023, para R$ 69,8 bilhões. A petroleira deve ter Ebitda ajustado de R$ 233,7 bilhões no ano, queda de 10,8% em relação ao ano anterior. Na receita, a Petrobras deve ver queda de 3,6%, para R$ 493,01 bilhões.
Matéria publicada no Valor Econômico, dia 24/02, às 10:44 (horário de Brasília)