China diz que superávit comercial dos EUA é “inevitável” e alerta que está pronta para guerra comercial
A China chamou na quarta-feira seu superávit comercial com os Estados Unidos de inevitável e alertou que tem “determinação e meios” para continuar a luta se Trump continuar a impor tarifas sobre produtos chineses para tentar reduzi-lo.
O presidente dos EUA, Donald Trump, cumpriu sua ameaça de impor taxas de 104% sobre produtos chineses, assinando uma ordem executiva na terça-feira que entrou em vigor depois que Pequim ignorou sua exigência de que retirasse as taxas retaliatórias anunciadas após Trump revelar uma rodada inicial de tarifas.
Trump impôs tarifas “recíprocas” a dezenas de economias que ele acusa de “roubar” os EUA ao vender produtos para a maior economia de consumo do mundo, ao mesmo tempo em que mantém barreiras comerciais que inibem o acesso das empresas americanas ao mercado.
Mas ele destacou a China como país com as tarifas mais punitivas, preparando o cenário para um impasse entre as duas maiores economias do mundo.
“A China não busca deliberadamente um superávit comercial”, disse um documento sobre os laços comerciais entre os EUA e a China, divulgado logo após as tarifas mais altas entrarem em vigor pelo Gabinete de Informação do Conselho de Estado, que interage com a mídia em nome do governo.
“O desequilíbrio comercial de bens entre a China e os EUA é um resultado inevitável de problemas estruturais na economia dos EUA e uma consequência das vantagens comparativas e da divisão internacional do trabalho entre os dois países”, acrescentou o relatório.
O superávit comercial da China com os EUA aumentou para US$ 295,4 bilhões no ano passado, ante US$ 279,1 bilhões em 2023, segundo dados do Censo dos EUA. O déficit comercial de bens atingiu o pico em 2018, com US$ 418 bilhões, mesmo ano em que Trump, em seu primeiro mandato como presidente, impôs tarifas sobre as remessas chinesas para o exterior.
“Não há vencedores em uma guerra comercial”, afirmou o Ministério do Comércio da China em um comunicado que acompanhou o lançamento do relatório. “A China não quer uma, mas o governo jamais permitirá que os direitos e interesses legítimos do povo chinês sejam prejudicados ou retirados.”
“Os Estados Unidos estão usando tarifas como uma ferramenta para exercer pressão máxima em busca de ganhos egoístas — isso é unilateralismo clássico, protecionismo e intimidação econômica”, acrescentou o comunicado.
Matéria publicada na Reuters, no dia 09/04/2025, às 04:06 (horário de Brasília)