China planeja reunião informativa na quarta-feira sobre medidas de estabilização do mercado
O banco central da China e os reguladores financeiros realizarão uma coletiva de imprensa na quarta-feira para discutir políticas destinadas a estabilizar os mercados, já que as perspectivas econômicas do país estão sob crescente ameaça das tarifas dos EUA.
Autoridades do Banco Popular da China, da Administração Nacional de Regulamentação Financeira e da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China falarão às 9h, horário local, sobre “um pacote de política financeira para estabilizar o mercado e as expectativas”, de acordo com um comunicado do governo na terça-feira.
O briefing será acompanhado de perto, já que o país enfrenta pressão crescente das tarifas americanas e preocupações crescentes com suas perspectivas econômicas. Com as tarifas de 145% do presidente Donald Trump ameaçando prejudicar as exportações, crescem as expectativas de que Pequim possa revelar novas medidas para estabilizar a economia e fortalecer a confiança.
Sem um estímulo mais forte, o crescimento pode começar a fraquejar a partir do segundo trimestre, colocando em risco a meta oficial da China de crescer cerca de 5% este ano. Os mercados estarão atentos a quaisquer sinais de novas ferramentas políticas, especialmente depois que os principais líderes se comprometeram a criar novos instrumentos monetários e apoio financeiro para setores-chave como tecnologia, comércio e consumo doméstico.
O aviso de última hora para o briefing ecoou a preparação para uma importante coletiva de imprensa em setembro, quando o governador do Banco Popular da China (PBOC), Pan Gongsheng, revelou uma série de medidas significativas de flexibilização para estimular o crescimento e impulsionar os mercados. O evento, que também contou com a presença dos chefes da NFRA e da CSRC, ajudou a reverter o sentimento do mercado e desencadeou uma forte alta nas ações.
Na terça-feira, quando a China retornava de um feriado, o Banco Popular da China manteve sua taxa de referência diária para o yuan estável, combatendo uma recente alta na versão offshore de sua moeda e ajudando a restaurar a calma no mercado de câmbio da Ásia após dias de extrema volatilidade.
As ações e os títulos chineses também se mantiveram notavelmente estáveis nas últimas semanas, em comparação com a turbulência dos mercados globais. A volatilidade do índice de referência CSI 300 do país caiu para uma mínima histórica no mês passado, enquanto os rendimentos dos títulos do governo de 10 anos foram negociados em uma faixa estreita de alguns pontos-base.
Até o momento, Pequim tem respondido à mais recente guerra comercial com moderação, evitando estímulos em larga escala, mesmo com as autoridades continuando a enfatizar que dispõem de amplas ferramentas. É provável que as autoridades estejam se dedicando a avaliar o impacto das tarifas, visando preservar a flexibilidade caso as condições piorem. Em uma reunião no final de abril, o Politburo, órgão decisório do país, prometeu “preparar totalmente” planos de emergência para lidar com os crescentes choques externos.
O afrouxamento monetário estará em foco. O Banco Popular da China (PBOC) não reduziu o compulsório — o montante de dinheiro que os bancos devem manter em reservas — desde setembro, apesar das expectativas generalizadas. Essa medida veio acompanhada de uma redução da taxa básica de juros. O banco central prometeu, nos últimos meses, reduzir as taxas de juros e a taxa básica de juros (RRR) se as condições econômicas e financeiras nacionais e internacionais o justificarem.
Há sinais de que a guerra comercial já está afetando a atividade e o sentimento nos setores de manufatura e serviços, com pesquisas do Índice de Gerentes de Compras apontando para uma desaceleração em abril. Mesmo assim, os fluxos comerciais se mantiveram no mês passado, indicando que o impacto das tarifas americanas ainda não se refletiu nos embarques efetivos.
Matéria publicada na Bloomberg, dia 06/05/2025, às 06:59 (horário de Brasília)