BC eleva juro a 0,5 ponto e Selic vai a 14,75%, mesma taxa de 2006

O BC (Banco Central) decidiu nesta 4ª feira (7.mai.2025) elevar a Selic em 0,5 ponto percentual. A taxa básica de juros sai de 14,25% para 14,75% ao ano. A decisão se deu por unanimidade.

É o maior patamar desde agosto de 2006, quando a Selic estava em 14,75% ao ano –a taxa ficou neste nível de 20 de julho a 30 de agosto de 2006. Naquele momento, o presidente era Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária) argumenta que a decisão é “compatível” com o objetivo de fazer a inflação convergir para a meta.

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) anualizado até março acelerou para 5,48%. “Os riscos para a inflação, tanto de alta quanto de baixa, estão mais elevados do que o usual”, diz um trecho.

Também menciona outros fatores:

  • Cenário externo – “Mostra-se adverso e incerto em função da conjuntura e da política econômica nos EUA, principalmente sobre sua política comercial e de seus efeitos”;
  • Cenário interno – diz haver “expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho”.

De acordo com a autoridade monetária, este cenário “prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta”.

A reunião do colegiado do BC foi realizada na 3ª feira (6.mai) e na 4ª feira (7.mai).

Leia a trajetória da taxa Selic:

O Poder360 mostrou que o mercado financeiro esperava que o colegiado do BC elevasse a Selic em 0,5 ponto percentual nesta reunião. Este jornal digital obteve as estimativas de 12 instituições financeiras e consultorias sobre o novo percentual.

Houve unanimidade quanto à magnitude do aumento da Selic.

Em 19 de março, o Banco Central havia sinalizado uma alta menor do que 1 ponto percentual na taxa básica de juros na reunião de maio.

A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Influencia diretamente as alíquotas cobradas de empréstimos, financiamentos e investimentos. No mercado financeiro, impacta o rendimento de aplicações.

Decisão unânime

Todos os diretores do Banco Central votaram para elevar a Selic em 0,5 ponto percentual. A última vez que houve divergência foi em maio de 2024.

Naquele momento, houve uma clara divisão entre os indicados por Lula e os nomes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O movimento trouxe fortes implicações negativas no mercado financeiro.

Razões para elevação

O motivo para o movimento do Copom é o controle da inflação. As projeções de longo prazo para a inflação pioraram ao longo de 2024.

A ferramenta disponível para frear o indicador é aumentar os juros, pelo modelo brasileiro de política monetária. As taxas mais elevadas encarecem o crédito, o que desacelera o consumo e a produção.

Como consequência, os preços tendem a não aumentar de forma tão rápida. A decisão de elevar os juros foi motivada por fatores recentes que sinalizam piora nas perspectivas para a inflação.

A função do Banco Central é colocar a inflação anual do Brasil no centro da meta, que é de 3%. Há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual –o indicador pode ir até 4,5%.

Responsável por medir a inflação oficial do Brasil, o IPCA atingiu 4,83% em 2024. Ficou, portanto, fora da meta no ano passado.

Política monetária

Relembre decisões anteriores do Banco Central sobre juros:

  • Agosto de 2023 – corte de 13,75% para 13,25%;
  • Setembro de 2023 – corte de 13,25% para 12,75%;
  • Novembro de 2023 – corte de 12,75% para 12,25%;
  • Dezembro de 2023 – corte de 12,25% para 11,75%;
  • Janeiro de 2024 – corte de 11,75% para 11,25%;
  • Março de 2024 – corte de 11,25% para 10,75%;
  • Maio de 2024 – corte de 10,75% para 10,50%;
  • Junho de 2024 – manutenção em 10,50%;
  • Julho de 2024 – manutenção em 10,50%;
  • Setembro de 2024 – aumento de 10,50% para 10,75%;
  • Novembro de 2024 – aumento de 10,75% para 11,25%;
  • Dezembro de 2024 – aumento de 11,25% para 12,25%
  •  Janeiro de 2025 – aumento de 12,25% para 13,25%;
  • Março de 2025 – aumento de 13,25% para 14,25%;
  • Maio de 2025 – aumento de 14,25% para 14,75%.

Matéria publicada no portal Poder 360, no dia 07/05/2025, às 18:38 (horário de Brasília)