Após fala da Casa Branca, Brasil repudia ameaça de sanções e uso da força pelos EUA
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que condena a ameaça de sanção econômica e de uso de força militar americana contra o Brasil.
A afirmação pelo Itamaraty foi divulgada na noite desta terça-feira após porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmar que o presidente Donald Trump “não tem medo de usar o poder econômico e militar dos Estados Unidos da América para proteger a liberdade de expressão em todo o mundo”:
— Não tenho hoje nenhuma ação adicional (sanções ou elevação de tarifas) para antecipar a vocês, mas posso afirmar que essa é uma prioridade para o governo (assegurar a liberdade de expressão), e o presidente (Trump) não tem medo de usar o poder econômico e militar dos Estados Unidos da América para proteger a liberdade de expressão em todo o mundo — afirmou Karoline na tarde desta terça-feira em coletiva de imprensa.
Na nota do Itamaraty, o governo brasileiro rebate a ameaça americana ao afirmar que “o primeiro passo para proteger a liberdade de expressão é justamente defender a democracia e respeitar a vontade popular expressa nas urnas”.
Leia a nota do Itamaraty na íntegra:
“O governo brasileiro condena o uso de sanções econômicas ou ameaças de uso da força contra a nossa democracia. O primeiro passo para proteger a liberdade de expressão é justamente defender a democracia e respeitar a vontade popular expressa nas urnas. É esse o dever dos três Poderes da República, que não se intimidarão por qualquer forma de atentado à nossa soberania. O governo brasileiro repudia a tentativa de forças antidemocráticas de instrumentalizar governos estrangeiros para coagir as instituições nacionais.”
Justificativa da Casa Branca
Durante a mesma coletiva de imprensa, a porta-voz da Casa Branca afirmou que a liberdade de expressão é a “questão mais importante do nosso tempo” e que, por esse motivo, o presidente americano adotou sanções econômicas contra o Brasil:
— A liberdade de expressão é, possivelmente, a questão mais importante do nosso tempo. Ele (Trump) leva esse tema muito a sério, razão pela qual adotamos ações significativas em relação ao Brasil, tanto na forma de sanções quanto no uso de tarifas, para garantir que cidadãos ao redor do mundo não sejam tratados dessa maneira. Ao mesmo tempo, enquanto o presidente utiliza o peso dos Estados Unidos para proteger nossos interesses no exterior, ele também assegura que a liberdade de expressão permaneça aqui nos Estados Unidos da América — disse.
Karoline Leavitt respondeu a um repórter, que questionou se os EUA estariam analisando novas sanções ou aumentos em tarifas diante do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal. A segunda semana do julgamento de Jair Bolsonaro no STF começou nesta terça-feira. O ex-presidente e sete réus são analisados por tentativa de golpe de Estado.
Na última sexta-feira, Donald Trump afirmou no Salão Oval que as tarifas impostas ao Brasil foram impostas “pelo que o governo estava fazendo”, mas não especificou sobre o quê.
— Estamos muito insatisfeitos com o Brasil. As tarifas são muito altas por causa do que eles estão fazendo, o que é muito lamentável. Nós temos uma relação maravilhosa com o povo brasileiro, mas o governo do Brasil mudou radicalmente. Tornou-se muito de esquerda radical, e isso está prejudicando muito o país. Eles estão indo muito mal — disse o republicano.
Matéria publicada na Reuters, no dia 09/09/2025, às 22:47 (horário de Brasília)