Cosan (CSAN3) desaba quase 20% após anúncio de oferta de R$ 10 bilhões
As ações da Cosan operam com forte desvalorização nesta segunda-feira (22), após a companhia de Rubens Ometto anunciar um acordo com BTG Pactual e a Perfin para ancorar um aumento de capital de R$ 10 bilhões, que deve reduzir em 57% a dívida corporativa da holding. Às 11h04, as ações da companhia recuavam 18,13%, a R$ 6,14.
O BTG Pactual Holding, cujos sócios incluem o bilionário Andre Esteves, vai investir R$ 4,5 bilhões, enquanto o fundo Perfin Infra aportará outros R$ 2 bilhões, informou a Cosan em comunicado.
O acordo também inclui R$ 750 milhões do family office do fundador da Cosan, Rubens Ometto. Segundo o comunicado, haverá ainda uma oferta subsequente de até R$ 2,75 bilhões.
Ambas as ofertas serão realizadas a R$ 5 por ação, valor inferior ao preço de fechamento em 19 de setembro, de R$ 7,50 por papel.
A XP Investimentos comenta que estrutura implica em uma diluição para os acionistas existentes, tanto controladores quanto minoritários. No entanto, acredita que os benefícios de resolver virtualmente as questões de estrutura de capital da holding podem se mostrar suficientemente para compensar a diluição da transação.
O Bradesco BBI, por sua vez, destacou três pontos qualitativos positivos sobre a oferta da Cosan:
Melhora na estrutura de capital: operação deve reforçar a estrutura de capital da Cosan no nível da holding, que atualmente opera com uma estreita razão de cobertura de juros líquidos de 1,0 vez em 2026. Após as ofertas, essa relação deve subir para 2,3 vez, permitindo que a empresa evite a venda de ativos em níveis desfavoráveis e foque no crescimento dos negócios, em vez de priorizar a gestão de passivos.
Entrada de acionistas de qualidade: transação trará acionistas de perfil qualificado, com lock-up de quatro anos, que devem atuar em prol da desalavancagem, de ganhos de eficiência na holding e do crescimento do portfólio atual.
Sucessão como ponto-chave: BBI considera que o grande ganho da operação é dar um primeiro passo sólido para endereçar a questão sucessória da Cosan, ainda considerada uma incógnita. Isso deve trazer mais conforto para os parceiros nas subsidiárias permanecerem como investidores de longo prazo.
Por outro lado, o BBI destaca que o mecanismo jurídico usado na primeira oferta não é comum no Brasil e pode levantar questionamentos dos acionistas atuais, especialmente daqueles interessados em garantir direitos para aumentar suas participações pelo preço de R$ 5,00 por ação. A alocação proporcional ao free float de 64% exigiria um aporte de R$ 6,4 bilhões, difícil de ser alcançado nas condições atuais de mercado. Além disso, manter a estrutura acionária atual, sem novos parceiros de longo prazo, não resolveria a questão sucessória na holding, considerada pelo banco uma condição essencial para destravar aportes de capital nas subsidiárias.
No aspecto quantitativo, o BBI reduziu o preço-alvo de R$ 9 para R$ 8 e manteve a recomendação de compra. Segundo o banco, o preço-alvo foi derivado via Dividend Discount Model (DDM) no nível da holding. Embora a oferta dilua o capital em 55%, ela deve reduzir imediatamente as despesas financeiras em cerca de R$ 1,5 bilhão e abrir espaço para mais dividendos da holding.
Matéria publicada no portal InfoMoney, no dia 22/09/2025, às 11:20 (horário de Brasília)