Ações da Petrobras entram em queda de até 9,57% após troca no comando

Um dia após o presidente Lula ter demitido Jean Paul Prates do comando da Petrobras, as ações preferenciais da estatal (PETR4) abriram em queda de 8,07%, a R$ 37,67. Já as ações ordinárias (PETR3) iniciaram as negociações em leilão.

O leilão é um dispositivo acionado pela Bolsa quando há uma forte oscilação em uma ação ou há a divulgação de um fato relevante sobre a empresa enquanto o pregão ainda estiver em andamento.

As cotações refletem as incertezas dos analistas sobre o futuro da estatal. A engenheira Magda Chambriard, ex-diretora geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) durante o governo Dilma Rousseff e funcionária de carreira da Petrobras foi indicada para presidir a estatal.

O Conselho de Administração da Petrobras se reúne às 11h desta quarta-feira para deliberar sobre a escolha de um CEO interino. O processo de sucessão deve demorar cerca de dois meses, para cumprir todos os ritos de governança da estatal.

Até o fechamento de ontem, as ações da Petrobras acumulavam alta de 17,7% no ano na Bolsa de Valores de São Paulo.

O que dizem os analistas
O Jefferies, banco de investimentos americano, cortou a recomendação dos ADRs da Petrobras de compra para neutro e reduziu o preço-alvo de US$ 21,20 para US$ 17,70, afirmando que a troca no comando da estatal indica uma escalada na intervenção política na empresa.

Já o Goldman Sachs destacou em relatório que a atual governança da estatal impede mudanças significativas por uma nova diretoria, mas afirma que a saída de Prates retoma os ruídos sobre intervenção política.

Para a XP Investimentos, a mudança repentina na gestão traz incerteza. “Os investidores estão particularmente preocupados com conflitos de interesse em temas como distribuição de dividendos, política de preços, planos de investimento, passivos fiscais contingentes e outros. Embora não esperemos mudanças significativas nos dividendos e planos de capex a curto prazo, reconhecemos que a incerteza aumenta consideravelmente a percepção de risco”, escreveram os analistas em relatório.

Matéria publicada pelo O Globo no dia 15/05/2024, às 07h49 (horário de Brasília)