AIE prevê excesso de oferta de petróleo em 2025, mesmo com cortes da OPEP+
A oferta global de petróleo superará a demanda em 2025, mesmo que os cortes da OPEP+ continuem em vigor, afirmou a Agência Internacional de Energia (AIE) nesta quinta-feira, à medida que a produção crescente dos Estados Unidos e de outros produtores externos supera a demanda lenta.
A perspectiva de um excesso de oferta superior a 1 milhão de barris por dia (bpd) — equivalente a mais de 1% da produção mundial — é um obstáculo para a OPEP+, que inclui a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados como a Rússia, em seu plano de começar a aumentar a produção.
O crescimento da demanda por petróleo tem sido mais fraco do que o esperado este ano, em grande parte devido à China. Após anos impulsionando o aumento do consumo de petróleo, desafios econômicos e uma mudança para veículos elétricos estão moderando as perspectivas de crescimento de petróleo no segundo maior consumidor mundial.
“A desaceleração acentuada da China tem sido o principal fator de contenção da demanda”, disse a AIE em seu relatório mensal sobre o mercado de petróleo.
“A rápida implementação de tecnologias de energia limpa também está, cada vez mais, substituindo o petróleo no transporte e na geração de energia, adicionando uma pressão de baixa a fatores de demanda já fracos”, acrescentou o relatório.
“Nossos balanços atuais sugerem que, mesmo se os cortes da OPEP+ forem mantidos, a oferta global excederá a demanda em mais de 1 milhão de bpd no próximo ano”, afirmou a AIE.
Os preços do petróleo apresentaram uma leve queda após a divulgação do relatório, com o Brent sendo negociado abaixo de 73 dólares por barril.
Demanda em 2024 em alta
A AIE também fez um leve ajuste para cima em sua previsão de crescimento da demanda de petróleo para 2024, com um aumento de 60.000 bpd no mês, para 920.000 bpd, devido à demanda por óleo diesel maior do que o esperado.
“O ritmo de crescimento abaixo de 1 milhão de bpd para ambos os anos reflete condições econômicas globais abaixo da média, com a liberação da demanda reprimida pós-pandemia já concluída”, disse a AIE.
As previsões sobre a força do crescimento da demanda em 2024 variam amplamente, em parte devido às diferenças em relação à demanda da China e ao ritmo da transição mundial para combustíveis mais limpos, e a visão da AIE está na faixa mais baixa das estimativas do setor.
A OPEP, que está na faixa superior, cortou na terça-feira suas previsões de crescimento da demanda para este ano e para o próximo, mas ainda espera um crescimento muito mais rápido do que a AIE, de 1,82 milhão de bpd e 1,54 milhão de bpd, respectivamente.
De acordo com a AIE, o crescimento da demanda chinesa deve chegar a apenas 140.000 bpd neste ano, um décimo do crescimento de 1,4 milhão de bpd em 2023.
Matéria publicada pela Reuters no dia 14/11/2024, às 08h22 (horário de Brasília)