AIE prevê oferta confortável de petróleo mesmo com cortes da OPEP+

O mercado global de petróleo estará confortavelmente abastecido em 2025, afirmou a Agência Internacional de Energia (AIE) nesta quinta-feira, mesmo após o grupo de produtores OPEP+ estender os cortes na oferta de petróleo e a previsão de uma demanda ligeiramente maior do que o esperado.

A perspectiva da AIE, que assessora países industrializados, aponta para desafios contínuos para a OPEP+, que inclui a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados como a Rússia. A OPEP+ busca começar a retomar a produção em 2025, após anos de cortes.

O crescimento da demanda por petróleo tem sido mais fraco do que o esperado este ano, em grande parte devido à China. Após anos impulsionando o aumento do consumo de petróleo, desafios econômicos e uma transição para veículos elétricos estão reduzindo as perspectivas de crescimento do consumo no segundo maior consumidor mundial.

Ainda assim, a AIE aumentou sua previsão de crescimento da demanda global por petróleo em 2025 para 1,1 milhão de barris por dia (bpd), em comparação com 990 mil bpd no mês passado, “principalmente em países asiáticos devido ao impacto das recentes medidas de estímulo da China”, afirmou em seu relatório mensal sobre o mercado de petróleo.

A China busca impulsionar a economia e adotará uma política monetária “apropriadamente flexível” no próximo ano, o que representa o primeiro afrouxamento dessa postura em cerca de 14 anos, segundo comunicado do Politburo na segunda-feira.

Ao mesmo tempo, a AIE espera que países fora da OPEP+ aumentem a oferta em cerca de 1,5 milhão de bpd no próximo ano, liderados pelos Estados Unidos, Canadá, Guiana, Brasil e Argentina – mais do que a taxa de crescimento da demanda.

“O ritmo relativamente moderado do crescimento da demanda global de petróleo deve continuar em 2025, acelerando apenas modestamente”, disse a AIE, acrescentando que o mercado “parece confortavelmente abastecido”.

Os preços do petróleo reduziram os ganhos anteriores após a divulgação do relatório, com o Brent sendo negociado abaixo de US$ 74 por barril.

SUPERÁVIT EM 2025

Para sustentar o mercado, a OPEP+ adiou na semana passada o início do aumento da produção de petróleo em três meses, para abril, e estendeu a total retirada dos cortes até o final de 2026 devido à demanda fraca e à produção em alta fora do grupo.

A AIE afirmou que, mesmo sem o retorno às cotas de produção mais altas, sua perspectiva atual aponta para um excedente de oferta de 950 mil bpd no próximo ano – quase 1% da oferta mundial. Esse excedente aumentaria para 1,4 milhão de bpd se a OPEP+ prosseguir com seu plano de começar a reverter os cortes no final de março de 2025, disse a agência.

O superávit previsto para o próximo ano, segundo a AIE, pode dificultar o retorno da produção pela OPEP+. O aumento estava inicialmente previsto para começar em outubro de 2024, mas foi adiado devido à queda nos preços.

As previsões sobre a força do crescimento da demanda em 2024 variam, em parte devido a diferenças nas estimativas sobre a demanda da China e o ritmo da transição global para combustíveis mais limpos.

A visão da AIE está no extremo inferior das estimativas do setor e, no relatório, reduziu sua previsão de crescimento da demanda mundial para 2024 em 80 mil bpd, para 840 mil bpd.

A OPEP, que está no extremo superior das projeções, cortou suas previsões de crescimento da demanda para este ano e o próximo na quarta-feira, mas ainda espera um crescimento mais rápido que o estimado pela AIE, de 1,61 milhão de bpd e 1,45 milhão de bpd, respectivamente.

Matéria publicada pela Reuters no dia 12/12/2024, às 08h50 (horário de Brasília)