Atividade de serviços da China cresce com estímulos e alimenta otimismo econômico
A atividade de serviços da China expandiu-se no ritmo mais rápido desde julho, mostrou uma pesquisa privada, indicando que a demanda do consumidor pode estar se recuperando após Pequim adotar uma série de medidas de estímulo para impulsionar o crescimento.
O índice de gerentes de compras (PMI) de serviços da Caixin China subiu para 52 em outubro, ante 50,3 no mês anterior, o maior salto desde março do ano passado, informaram a Caixin e a S&P Global nesta terça-feira. O ritmo de expansão superou a previsão mediana de 50,5 feita por economistas.
“A oferta e a demanda continuaram a crescer conforme o mercado melhorava”, disse Wang Zhe, economista sênior do Caixin Insight Group, em comunicado. “As empresas expressaram confiança nas condições macroeconômicas no curto prazo.”
O resultado positivo acompanhou uma pesquisa oficial publicada na semana passada, que mostrou que o setor de serviços melhorou no mês após o maior esforço de Pequim para impulsionar a economia desde a pandemia. As autoridades anunciaram medidas no final de setembro, incluindo cortes de juros e apoio aos mercados de ações e imobiliário.
Os investidores agora esperam que os principais legisladores da China aprovem um pacote fiscal na sexta-feira, poucos dias após a eleição presidencial dos EUA. Eles estarão atentos a quaisquer medidas para estimular a demanda doméstica, já que as pressões deflacionárias persistem apesar de uma recuperação moderada nos setores de manufatura e habitação mostrada nos dados de outubro.
“O sentimento mais positivo provavelmente reflete uma certa recuperação nas atividades de varejo, apoiada pela iniciativa de substituição,” disse Michelle Lam, economista da Grande China no Société Générale SA, referindo-se à iniciativa de Pequim de 300 bilhões de yuans (US$ 41 bilhões) para subsidiar compras de equipamentos, eletrodomésticos e automóveis. “A recuperação do mercado de ações e as melhores vendas de imóveis nas cidades de primeiro nível também ajudaram.”
O relatório da Caixin também mostrou que a confiança empresarial subiu para o maior nível desde maio, com evidências de que as empresas estavam mais otimistas sobre o clima econômico. A expansão de novos negócios acelerou pela primeira vez em quatro meses.
Em conjunto, os indicadores sugerem que a economia da China teve um início melhor no último trimestre após expandir-se no menor ritmo desde o início de 2023 no período encerrado em setembro. A maioria dos economistas prevê que a China alcance sua meta de expansão de cerca de 5% neste ano, embora uma sequência de deflação ameace prejudicar o crescimento de longo prazo ao provocar um ciclo de queda nos gastos das famílias, redução das receitas empresariais e perda de empregos.
O primeiro-ministro chinês Li Qiang expressou confiança em atingir a meta de crescimento na terça-feira. Falando na abertura da Exposição Internacional de Importação da China em Xangai, ele afirmou que o governo chinês tem capacidade para sustentar a recuperação e possui “espaço amplo” para política fiscal e monetária.
No dia anterior, legisladores chineses analisaram uma proposta para transferir parte da dívida fora do balanço dos governos locais para suas contas oficiais, abrindo caminho para o primeiro aumento de limite de endividamento no meio do ano desde 2015.
Embora a troca de dívida possa não atender às demandas do mercado por mais empréstimos do governo central e estímulo ao consumidor, liberaria recursos para que os governos locais gastem em diversas necessidades, como salários de funcionários e projetos de construção.
Os economistas estão divididos sobre se medidas fiscais adicionais além da troca de dívida serão anunciadas ao final da sessão de uma semana, com alguns sugerindo que Pequim precisa gerenciar as expectativas com mais cautela para mitigar o possível impacto da eleição presidencial dos EUA nos preços dos ativos chineses.
A disputa acirrada pela liderança nos EUA injeta incertezas sobre o crescimento da China, que neste ano foi impulsionado por exportações dinâmicas. A reeleição de Trump, que ameaçou impor tarifas de 60% sobre todos os produtos chineses, poderia prejudicar um dos poucos pontos de destaque na economia.
A China está programada para divulgar seus números de comércio de outubro na quinta-feira, com previsão dos economistas de mostrar que o crescimento das exportações se recuperou após a queda em setembro para o ritmo mais lento em cinco meses.
Matéria publicada pela Bloomberg no dia 05/11/2024, às 01h43 (horário de Brasília)