Campos Neto explica ausência de intervenção no câmbio apesar da depreciação do real

O real recentemente passou por um enfraquecimento “acelerado”, mas o chefe do banco central, Roberto Campos Neto, afirmou na última terça-feira (13) que os responsáveis pelas políticas econômicas não interviram no mercado cambial, pois não foram observadas disfunções.

Falando em uma audiência no Congresso, Campos Neto disse que fatores específicos relacionados ao Brasil causaram essa maior depreciação, em meio a uma maior percepção de risco.

A moeda da maior economia da América Latina enfraqueceu quase 12% em relação ao dólar americano este ano, embora tenha mostrado algum alívio desde a semana passada, diante da firme mensagem do banco central de que um aumento na taxa de juros está em pauta para combater a inflação.

Campos Neto disse que o processo de desinflação do banco central impactou minimamente a atividade econômica, que tem surpreendido consistentemente de forma positiva.

Mas ele alertou que ainda é necessária “perseverança”, já que a desinflação desacelerou e as expectativas de inflação se distanciaram da meta oficial de 3%.

Questionado sobre a falta de intervenção do banco central no mercado de câmbio, Campos Neto disse que a moeda flutua para absorver choques e evitar impactos nos preços relativos que poderiam levar a uma má alocação de recursos na economia.

“Nesses momentos de estresse, discutimos o tempo todo se devem ser feitas intervenções”, disse ele, acrescentando que essa é uma decisão coletiva da autoridade monetária.

“O banco central tem grandes reservas cambiais e intervirá se necessário.”

Campos Neto acrescentou que o diretor de política monetária do banco central, Gabriel Galipolo, é responsável por supervisionar o mercado de câmbio e foi nomeado para o cargo pelo governo.

Galipolo é amplamente visto como o principal candidato para chefiar o banco central após o término do mandato de Campos Neto no final deste ano.

Aos parlamentares, Campos Neto também enfatizou que o banco central só intervém na taxa de câmbio quando identifica disfunções no mercado, o que não foi observado recentemente.

Matéria publicada pela Reuters no dia 13/08/2024, às 12h55 (horário de Brasília)