Ceron projeta queda de juros em 2026 e diz que país está perto do equilíbrio fiscal
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse nesta quinta-feira já ser possível vislumbrar um cenário de queda para a taxa de juros no Brasil em 2026, após pontuar que o país superou o período de pico da inflação.
“Do ponto de vista inflacionário, já passamos um período de pico. Agora a gente começa a vislumbrar a convergência para as metas, tanto na inflação corrente quanto no horizonte relevante”, avaliou Ceron, durante evento promovido pela instituição AGF, em São Paulo.
“O Banco Central ainda está mantendo (estável a taxa de juros), esperando a convergência completa, mas já se começa a vislumbrar um cenário consensual para 2026 de uma descida na taxa de juros”, acrescentou.
Os comentários de Ceron surgem no dia seguinte à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que na noite de quarta-feira anunciou a manutenção da taxa básica Selic em 15% ao ano, reforçando a mensagem de permanência neste patamar por período prolongado e citando o tema fiscal como um dos pontos de atenção.
No evento, Ceron afirmou que o país precisa de fato avançar na área fiscal, mas ponderou que o governo está se aproximando de um quadro de equilíbrio no resultado primário.
“Do ponto de vista do setor externo o país está bem, do ponto de vista de dinâmica econômica também… A gente precisa de fato avançar no fiscal, que é um problema que se arrasta a uma década. Aliás, mais do que uma década”, disse Ceron, pontuando que na última década o problema “se agravou muito”.
“Todos os governos foram piorando estes déficits primários e agora é uma tentativa de reversão”, acrescentou.
De acordo com o secretário, os bons indicadores econômicos atuais do país permitem acelerar o processo de consolidação fiscal. O secretário defendeu ainda um pacto entre o governo e o Congresso para que a questão fiscal seja definitivamente resolvida.
Na última terça-feira, em outro evento do setor financeiro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reafirmou o compromisso do governo em cumprir as metas fiscais para 2025 e 2026, mas ponderou que isso depende da “compreensão” do Congresso.
As metas atuais são de resultado primário zero para 2025 e superávit de 0,25% do Produto Interno Bruto para 2026 — nos dois casos há uma tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB para mais ou para menos.
Matéria publicada na Reuters, no dia 18/09/2025, às 22:00 (horário de Brasília)