Chevron desacelera investimentos e ajusta estratégia no maior campo dos EUA

A Chevron Corp. planeja desacelerar o crescimento da produção no maior campo de petróleo dos EUA no próximo ano, no sinal mais definitivo até agora de que o presidente eleito Donald Trump enfrentará desafios para aumentar a produção de energia americana.

A Chevron reduzirá os investimentos de capital na Bacia do Permian para entre US$ 4,5 bilhões e US$ 5 bilhões em 2025, uma queda de até 10%, segundo comunicado divulgado na quinta-feira. Globalmente, a empresa de petróleo espera gastar cerca de US$ 17 bilhões, comparados aos US$ 19 bilhões deste ano, marcando o primeiro corte orçamentário desde 2021.

“O crescimento da produção será reduzido em favor do fluxo de caixa livre,” afirmou a Chevron no comunicado.

A região do Permian, localizada no oeste do Texas e no Novo México, tem sido uma das fontes de petróleo de crescimento mais rápido no mundo na última década, produzindo atualmente mais de 6 milhões de barris por dia, superando o Iraque, o segundo maior produtor da OPEP. Perfurações independentes lideraram a revolução do xisto inicialmente, mas grandes empresas como a Chevron acabaram explorando o potencial da região.

A desaceleração será bem-vinda pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e seus aliados, que lutam para conter um excesso de petróleo dos EUA e de outros países, o que fez os preços caírem 18% desde o final de abril. Também é um alerta para Trump, que prometeu liberar a produção de petróleo dos EUA como parte de sua política energética “Drill, Baby, Drill,” comprometendo-se a reduzir os preços de energia pela metade.

O West Texas Intermediate caiu 0,4%, para US$ 68,30 em Nova York na quinta-feira, acumulando uma perda de quase 5,6% em 12 meses. O xisto dos EUA é lucrativo a esses preços, mas, na ausência de um crescimento mais robusto da demanda, a maioria dos executivos prefere retornar dinheiro aos acionistas e crescer por meio de aquisições, em vez de investir no aumento da produção.

A Chevron ainda planeja aumentar a produção no Permian no próximo ano, mas o crescimento será significativamente desacelerado em relação ao aumento anual de 15% desde 2021, à medida que a empresa se aproxima da meta de um milhão de barris por dia.

O CEO Mike Wirth indicou no mês passado que a produção na região deixará de crescer e se estabilizará no final da década de 2020, para “realmente abrir o fluxo de caixa livre.” A produção geral dos EUA pela Chevron provavelmente aumentará até lá, em parte devido a projetos no Golfo do México nos próximos anos.

Analistas e traders consultados pela Bloomberg no mês passado previram que os EUA adicionarão apenas 251.000 barris de produção diária entre o final deste ano e 2025, o ritmo mais lento desde a queda causada pela pandemia em 2020. Na semana passada, a Exxon Mobil Corp. previu uma desaceleração na produção dos EUA nos próximos anos, à medida que as empresas priorizam lucros em vez de volume. A Exxon deve anunciar seu orçamento para 2025 em 11 de dezembro.

A Chevron planeja gastar menos de US$ 1 bilhão no campo petrolífero de Tengiz no próximo ano, à medida que o projeto de expansão no Cazaquistão se aproxima da conclusão. O projeto aumentará o fluxo de caixa livre da Chevron e é um suporte fundamental para seu programa de recompra de ações de US$ 17,5 bilhões por ano, apesar de uma série de atrasos e estouros de custos. O desenvolvimento de US$ 45 bilhões é 50% de propriedade da Chevron, enquanto a Exxon e a estatal KazMunayGas detêm participações de 25% e 20%, respectivamente.

Matéria publicada pela Bloomberg no dia 05/12/2024, às 18h15 (horário de Brasília)