China exige fim de tarifas e nega negociações com EUA: “Não tem fundamento”

A China afirmou nesta quinta-feira (24) que não há negociações em andamento com os Estados Unidos sobre tarifas, apesar de sinais recentes da Casa Branca de que poderia haver um alívio nas tensões comerciais. Segundo o Ministério do Comércio chinês, qualquer informação sobre progresso em conversas bilaterais “não tem fundamento”.

“O momento não conta com negociações sobre economia e comércio entre China e EUA”, disse o porta-voz da pasta, He Yadong, em coletiva à imprensa em Pequim. Ele reiterou que, para qualquer avanço, os EUA devem cancelar todas as tarifas unilaterais impostas a produtos chineses. Ele também pediu aos EUA que prestem atenção às “vozes racionais” da comunidade internacional e das partes domésticas.

A declaração contraria o tom adotado nesta semana pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que disse que “tudo está ativo” ao ser questionado sobre interações com Pequim. O republicano também afirmou que a China “vai ficar bem” após o início das conversas — que, segundo os chineses, ainda não ocorrem.

“A China e os Estados Unidos não realizaram consultas ou negociações sobre tarifas, muito menos chegaram a um acordo”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Guo Jiakun, em uma coletiva de imprensa separada, chamando os relatos de tais informações de “notícias falsas”.

Atualmente, os EUA aplicam tarifas de até 245% sobre produtos chineses, medida adotada no início do mês como parte do recrudescimento das políticas comerciais da gestão Trump. Em resposta, Pequim anunciou novas tarifas e restringiu exportações de minerais estratégicos aos americanos.

Além da revogação das tarifas, autoridades chinesas apontaram outras condições para retomar o diálogo, como o respeito mútuo, a nomeação de um interlocutor específico por parte de Washington e maior consistência nas posições americanas, incluindo temas como sanções e Taiwan.

O governo chinês também tem alertado países terceiros a não firmarem acordos com os EUA que prejudiquem seus interesses.

A China realizou uma mesa redonda na quarta-feira para tratar das preocupações de mais de 80 empresas e câmaras estrangeiras sobre o impacto das tarifas dos EUA em seus investimentos e operações na China, de acordo com um relatório do Ministério do Comércio.

“As empresas estrangeiras… devem transformar as crises em oportunidades”, disse o vice-ministro do Comércio, Ling Ji, na mesa redonda, prometendo trabalhar na resolução dos problemas enfrentados pelas empresas estrangeiras.

O Banco do Povo da China também se manifestou sobre os riscos da escalada nas tensões. Durante reunião do G20 em Washington, o presidente da instituição, Pan Gongsheng, afirmou que os atritos colocam em xeque a confiança no sistema econômico global. “Todos devem cooperar para evitar um cenário de alta fricção e baixa confiança”, declarou, segundo a emissora estatal CCTV.

A delegação chinesa participa nesta semana dos encontros do FMI e do Banco Mundial na capital americana, onde estão representantes dos EUA, União Europeia e outros países do G20. Até o momento, não há encontros bilaterais anunciados entre chineses e americanos.

Matéria publicada no portal InfoMoney, no dia 24/04/2025, às 06:59 (horário de Brasília)