Começa a COP da floresta

O presidente Lula (PT) lançou, nesta quinta (6/11), o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), iniciativa protagonizada pelos ministérios da Fazenda e do Meio Ambiente para remunerar países que mantêm suas árvores em pé.
 
O mecanismo, que será gerido pelo Banco Mundial, é uma aposta do Brasil para mobilizar financiamento público e privado destinado à preservação e à bioeconomia. 
 
Em setembro, o país inaugurou o fundo com o aporte de US$ 1 bilhão e a Indonésia prometeu, em outubro, igualar a cifra.
 
A ambição é levantar US$ 125 bilhões, sendo US$ 25 bilhões de aportes públicos. Segundo a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara (Psol), o mecanismo repassará 20% dos recursos diretamente a povos indígenas e comunidades tradicionais.
 
“Estamos numa COP da implementação. Nada melhor do que começar viabilizando a manutenção das florestas do Brasil e de outros países tropicais”, disse a jornalistas.
 
O lançamento ocorreu em Belém (PA), no primeiro dia da cúpula de líderes da COP30. As reuniões desta semana são um prelúdio para as negociações oficiais que começam na segunda (10).
 
Isso porque a expectativa é que os chefes de Estado ajudem a moldar a conferência e, mais importante, transformar compromissos em ação.
 
Entre as ausências mais notáveis no encontro ​​estão os presidentes dos maiores emissores, como Donald Trump, dos EUA, o que já era esperado e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.
 
O presidente da China, Xi Jinping, não veio, mas o país integra a lista de investidores do TFFF. 

‘Risco é não investir em florestas’

Uma das grandes doadores do Fundo Amazônia, a Alemanha ainda não confirmou contribuição para o fundo.
 
Há uma preocupação entre países europeus em relação à governança desses recursos — vide o que ocorreu em um passado não muito distante, quando os repasses para fundos ambientais no Brasil foram congelados e o desmatamento bateu recordes.
 
Em coletiva nesta quarta, o ministro Fernando Haddad (PT) disse que a Alemanha aguardará a reunião bilateral com o presidente Lula para anunciar sua adesão. Ele também comentou que o próximo passo é trabalhar melhor nas condicionantes.
 
“Já temos 50% do que esperávamos conseguir em compromissos até o ano que vem. A China e outros países já sinalizaram apoio”, comentou.
 
Entre os doadores confirmados está a Noruega, que se comprometeu, com condições, a investir US$ 3 bilhões até 2035.
 
Na visão do ministro do Meio Ambiente norueguês, Andreas Bjelland Eriksen, o risco de aportar no TFFF é “altamente gerenciável”. O perigo maior é não preservar as florestas.
 
“Reduzir o desmatamento é essencial, mas precisamos criar mecanismos de incentivo para manter as florestas existentes e dar-lhes valor econômico”, defendeu.
 
“O maior risco é que as florestas desapareçam; o risco financeiro é administrável e justificável”, completou.

Matéria publicada na Agência Eixos, no dia 06/11/2025, às 20:02 (horário de Brasília)