Conselheiro da Petrobras defende a distribuição de 100% do dividendo extraordinário

A Petrobras deve definir na quinta-feira (25) o destino dos R$ 43,9 bilhões em dividendos extraordinários. Segundo o conselheiro da companhia, Francisco Petros, a tendência é que a questão seja examinada pela assembleia geral ordinária (AGO) da empresa, conforme recomendado pelo colegiado da estatal.

O advogado, que concorre a um novo mandato na eleição marcada também para a assembleia do dia 25, afirma que a Petrobras tem fundamentos e caixa para distribuir 100% do dividendo extraordinário.

Em entrevista ao Valor, na qual disse falar em nome pessoal e não da empresa, Petros afirmou que a distribuição total do dividendo extra “não imporia nenhum risco sobre os investimentos”.

“Do meu ponto de vista, há caixa e deve pagar 100%, e essa minha escolha olha para os objetivos e interesses da companhia”, afirmou.

Petros disse que o conselho decidiu não distribuir à época, em março, no exame das demonstrações financeiras de 2023, e recomendar o tema para apreciação em assembleia: “Essa questão será examinada na assembleia, mas eu não pertenço ao governo, então não posso opinar.”

A diretoria da Petrobras chegou a propor a distribuição de 50% do valor e a retenção da parte restante em uma reserva de capital, mas a decisão ficou para ser tomada pelos acionistas no dia 25 de abril.

Estabilidade da companhia
As tentativas de mudança na cúpula da Petrobras não contribuem para a estabilidade da empresa, na avaliação de Petros. Ele considera que o episódio sobre uma eventual troca do presidente da empresa, Jean Paul Prates, não é positivo para a companhia, que sofre com “certa paralisia e excesso de volatilidade nas ações”.

“O clima de mudancismo baseado numa lógica que é do governo não contribui para a estabilidade da companhia. Não é a minha opinião, é a manifestação que vejo internamente na companhia.”

Petros afirma que “a substituição do presidente da companhia não foi demandada pelo conselho”. “Essa é uma decisão de governo.”

As incertezas sobre a manutenção de Prates no cargo começaram no debate sobre a distribuição dos dividendos extraordinários da companhia, na ocasião da divulgação dos resultados de 2023, em março.

Desde então, o executivo passou por um processo de fritura, que refluiu nos últimos dias mas sem que houvesse uma declaração oficial do governo sobre a permanência do executivo.

O que houve foram manifestações de apoio a Prates pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que vinha sendo o principal crítico do CEO da Petrobras até então, com declarações públicas contra a gestão de Prates.

Petros afirma que a decisão sobre a troca do presidente-executivo da empresa cabe ao governo: “As divergências existentes em relação ao presidente do conselho da Petrobras [Pietro Mendes] e ao presidente-executivo [Jean Paul Prates] dizem respeito a relações dentro do governo. A solução desse problema passa pela pacificação do tema e através da explicitação das preferências do governo sobre o nome que quer colocar.”

Matéria publicada pelo Valor Econômico no dia 17/04 às 15:31 (horário de Brasília)

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