Demanda global por petróleo atingirá pico em 2029 e começará a cair, diz IEA

A demanda global por petróleo atingirá seu pico em 2029 e começará a se contrair no ano seguinte, enquanto os EUA e outros países não pertencentes à OPEP aumentam a oferta, disse a Agência Internacional de Energia (IEA) na quarta-feira, resultando em um grande excedente nesta década.

O relatório da IEA, que aconselha países industrializados, contrasta com a visão do grupo de produtores de petróleo, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que vê a demanda aumentando muito depois de 2029, em parte devido a uma transição mais lenta para combustíveis mais limpos.

O crescimento da demanda por petróleo se estabilizará em 105,6 milhões de barris por dia (bpd) até 2029, disse a IEA em um relatório anual, antes de se contrair ligeiramente em 2030, à medida que o uso de carros elétricos aumenta, a eficiência melhora e a geração de energia se afasta do petróleo.

A IEA também prevê que a capacidade de oferta atingirá quase 114 milhões de bpd até 2030, ou 8 milhões de bpd acima da demanda projetada, com produtores não pertencentes à OPEP+, liderados pelos EUA, representando três quartos do aumento da capacidade.

“As projeções deste relatório, baseadas nos dados mais recentes, mostram um grande excedente de oferta emergindo nesta década, sugerindo que as empresas petrolíferas podem querer garantir que suas estratégias e planos de negócios estejam preparados para as mudanças em andamento”, disse o Diretor Executivo da IEA, Fatih Birol.

Uma perspectiva da IEA em outubro não havia sido tão específica quanto ao momento do pico da demanda por petróleo, afirmando que ocorreria antes de 2030. A OPEP vê a demanda aumentando até 2045 e não previu um pico.

O crescimento da demanda será impulsionado principalmente por economias emergentes na Ásia, especialmente pelo transporte rodoviário na Índia, bem como por combustível de aviação e petroquímicos na China.

A projeção de um excesso de oferta terá repercussões mais amplas, especialmente para as nações da OPEP que dependem do petróleo para grande parte da receita do governo, disse a IEA.

“A capacidade ociosa em tais níveis pode ter consequências significativas para os mercados de petróleo – incluindo para as economias produtoras na OPEP e além, bem como para a indústria de xisto dos EUA.”

DIFERENÇA COM A OPEP

Em um relatório separado na quarta-feira, a IEA reduziu sua previsão de crescimento da demanda por petróleo para 2024 em 100.000 bpd para 960.000 bpd, citando consumo fraco em países desenvolvidos.

Uma economia moderada e a adoção de energia verde devem trazer um crescimento de 1 milhão de bpd no próximo ano, acrescentou.

Essas projeções ficam muito abaixo das feitas pela OPEP, que na terça-feira manteve sua perspectiva de crescimento da demanda para 2024 em 2,25 milhões de bpd e 1,85 milhões de bpd para 2025.

A diferença entre a IEA e a OPEP sobre o crescimento para 2024 agora é ainda maior do que no início deste ano, quando uma análise da Reuters descobriu que a diferença de 1,03 milhão de bpd em fevereiro era a maior desde pelo menos 2008.

Birol, falando a repórteres em um webinar após a divulgação do relatório, chamou a divergência com a OPEP, sediada em Viena, sobre as projeções de demanda de “algo digno de nota”.

“Claro que veremos no final do ano”, disse ele. “Olhamos os dados, cada quantidade, todos os dias, para fornecer a melhor informação para os tomadores de decisão e para o público.”

Matéria publicada pela Reuters no dia 12/06/2024, às 08h09 (horário de Brasília)