Governo publica medidas para substituir alta do IOF com taxas sobre LCI, LCA e aumento de imposto de bets

O governo federal publicou nesta quarta-feira (11) um novo pacote de medidas tributárias para substituir o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) decretado em maio.

O novo modelo reduz o imposto sobre empresas e seguros do tipo VGBL e amplia a tributação sobre apostas esportivas (bets), criptoativos e investimentos isentos como Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito Agropecuário (LCA).

  • A alíquota de 5% de LCI e LCA passará a valer a partir de janeiro de 2026
  • A alíquota para apostas nas bets passará de 15% para 18% em outubro de 2025

As medidas foram formalizadas por meio de uma medida provisória e um decreto presidencial, após reunião realizada no domingo (8) entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e líderes partidários, na casa do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

O objetivo é reverter o desgaste político gerado pelo decreto anterior e, ao mesmo tempo, garantir o equilíbrio das contas públicas com novas fontes de arrecadação.

IOF menor para empresas e seguro VGBL

Entre os pontos centrais da proposta, está a redução de até 80% da alíquota do IOF sobre operações de risco sacado — utilizadas por empresas em operações de antecipação de recebíveis.

O governo também reduziu a tributação sobre seguros do tipo VGBL, forma de previdência privada usada por milhões de brasileiros.

A queda na arrecadação prevista será compensada com outras medidas tributárias.

Para compensar as perdas com a redução do IOF, o governo confirmou:

  • Alíquota de 5% de IR sobre Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), que hoje são isentas;
  • Aumento da alíquota sobre apostas esportivas de 12% para 18% sobre a receita líquida (GGR);
  • Tributação de criptoativos, com regulamentação específica;
  • Uniformização da alíquota do IR sobre aplicações financeiras em 17,5%;
  • Equalização da CSLL para instituições financeiras, que passa a variar entre 15% e 20%, com eliminação da alíquota reduzida de 9% para fintechs.

O pacote inclui ainda um “pente-fino” nas regras de compensação de créditos tributários, para evitar manobras abusivas por parte de empresas, e uma meta de corte de 10% em gastos tributários.

Reação política e próximos passos

O novo pacote surge após a edição de um decreto presidencial, há cerca de duas semanas, que elevava o IOF em diversas transações financeiras.

A reação foi imediata no Congresso e no mercado: mais de 20 projetos foram apresentados para derrubar o decreto.

O governo então revogou parte da medida no mesmo dia, mantendo a cobrança apenas em algumas operações, e se comprometeu a apresentar uma alternativa.

Em 28 de maio, Haddad se reuniu com Hugo Motta e Davi Alcolumbre, que deram ao governo um prazo de dez dias para reformular a proposta.

No encontro de domingo (8), o ministro apresentou a versão preliminar do pacote e se comprometeu a incorporar sugestões antes da reunião final com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prevista para esta terça-feira (10).

A expectativa é que, com os ajustes políticos e técnicos, a nova versão consiga avançar no Congresso sem o mesmo desgaste da anterior.

Principais pontos

Veja os principais pontos do pacote publicado

Reduções no IOF

  • Redução de até 80% sobre operações de risco sacado;
  • Redução da alíquota para seguros do tipo VGBL;
  • IOF mínimo para Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC);
  • Isenção de IOF para retorno de investimentos estrangeiros diretos.

Medidas de compensação

  • IR de 5% sobre LCI e LCA (antes isentas);
  • Aumento da alíquota sobre apostas esportivas de 12% para 18%;
  • Tributação de criptoativos;
  • Uniformização da alíquota de IR sobre aplicações financeiras (17,5%);
  • Alíquota de CSLL para instituições financeiras entre 15% e 20%;
  • Corte de 10% em gastos tributários;
  • Regras mais rígidas para compensações de crédito tributário.

Matéria publicada no G1, no dia 11/06/2025, às 20:58 (horário de Brasília)