IEA alerta para excesso de oferta de petróleo com queda na demanda chinesa
A demanda global por petróleo crescerá menos do que o anteriormente estimado este ano, devido à fraqueza na China, afirmou a Agência Internacional de Energia (IEA) nesta quinta-feira (12), reforçando sua visão de que o consumo está se aproximando de uma estabilidade nesta década.
A demanda mundial aumentará em 900 mil barris por dia, segundo a IEA em seu relatório mensal, uma queda de 70 mil barris por dia, ou 7,2%, em relação à previsão anterior, o que está no limite inferior das expectativas da indústria.
Há uma grande divergência nas previsões de crescimento da demanda para 2024, devido a diferenças sobre a China e o ritmo da transição energética para combustíveis mais limpos. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) também cortou sua previsão de demanda para 2024 nesta semana, embora sua visão ainda seja muito mais otimista do que a da IEA.
“Com o crescimento da demanda chinesa por petróleo aparentemente perdendo força, e apenas aumentos modestos ou quedas na maioria dos outros países, as tendências atuais reforçam nossa expectativa de que a demanda global se estabilizará até o final desta década”, disse a IEA.
Os preços do petróleo caíram devido a preocupações com a demanda global, com o Brent recuando nesta semana para abaixo de US$ 70 o barril, o menor valor desde dezembro de 2021. Após a divulgação do relatório, o Brent reduziu brevemente os ganhos, e está sendo negociado próximo a US$ 72.
A China tem sido, por anos, o principal impulsionador do aumento do consumo global de petróleo. A IEA está afirmando que o crescimento econômico mais lento da China e a transição para veículos elétricos mudaram o paradigma para a segunda maior economia do mundo.
Agora, a IEA prevê que a demanda chinesa aumentará em 180 mil barris por dia em 2024, abaixo dos 410 mil barris por dia estimados em julho, à medida que a desaceleração econômica se soma ao crescimento dos veículos elétricos e ao desenvolvimento de uma rede ferroviária de alta velocidade, o que limita o crescimento das viagens aéreas domésticas.
A OPEP, por outro lado, projeta um crescimento muito mais robusto de 2,03 milhões de barris por dia na demanda de 2024, impulsionado em parte pela expansão mais forte da China. A diferença entre as previsões de crescimento da OPEP e da IEA para 2024 equivale a mais de 1% da demanda mundial.
Na visão da IEA, a demanda também está sob pressão em outras grandes economias. O uso de gasolina nos Estados Unidos, maior consumidor global, caiu ano a ano em cinco dos seis primeiros meses deste ano, disse a agência.
“Fora da China, o crescimento da demanda por petróleo é, no melhor cenário, fraco”, afirmou o relatório.
EXCESSO DE OFERTA À VISTA
A IEA manteve sua previsão de crescimento da demanda para 2025 inalterada em 950 mil barris por dia e disse que o mercado poderá enfrentar um excesso de oferta se a OPEP+ suspender os cortes de produção conforme o planejado. A OPEP prevê um crescimento da demanda de 1,74 milhão de barris por dia em 2025.
O aumento da oferta global está sendo impulsionado por nações fora da OPEP, segundo a IEA. A agência prevê que a produção fora da OPEP crescerá em 1,5 milhão de barris por dia neste ano e no próximo, com maior produção nos Estados Unidos, Guiana, Canadá e Brasil.
“Com a oferta não-OPEP+ crescendo mais rápido que a demanda total – a menos que haja um impasse prolongado na Líbia – a OPEP+ pode estar enfrentando um excedente substancial”, afirmou a IEA.
A OPEP+, que inclui aliados como a Rússia, implementou uma série de cortes de produção desde o final de 2022 para sustentar o mercado, a maioria dos quais está mantida até o final de 2025.
O grupo deveria começar a reverter a última camada de cortes de 2,2 milhões de barris por dia em outubro, mas decidiu na semana passada adiar o plano por dois meses, após a queda dos preços do petróleo.
Matéria publicada pela Reuters no dia 12/09/2024, às 08h32 (horário de Brasília)