Kremlin diz que Putin está aberto à paz na Ucrânia, mas alerta contra a pressa em um acordo

O presidente Vladimir Putin está aberto à paz na Ucrânia e um trabalho intenso está sendo realizado com os Estados Unidos, mas o conflito é tão complicado que o progresso rápido que Washington deseja é difícil de ser alcançado, disse o Kremlin na quarta-feira.

O presidente dos EUA, Donald Trump, que diz querer ser lembrado como um pacificador, disse repetidamente que quer acabar com o “banho de sangue” da guerra de mais de três anos na Ucrânia.

Mas Washington vem sinalizando que está frustrado com o fracasso de Moscou e Kiev em chegar a um acordo para acabar com a guerra terrestre mais mortal na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

“O presidente (russo) continua aberto a métodos políticos e diplomáticos para resolver este conflito”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos repórteres.

Ele observou que Putin havia expressado disposição para negociações diretas com a Ucrânia, mas que ainda não havia recebido resposta de Kiev.

Os objetivos da Rússia tinham que ser alcançados de qualquer maneira, ele acrescentou, dizendo que a preferência de Moscou era atingir esses objetivos pacificamente.

“Entendemos que Washington está disposto a alcançar um sucesso rápido neste processo”, disse Peskov em inglês. Mas a agência de notícias TASS citou Peskov dizendo que as causas da guerra na Ucrânia eram complexas demais para serem resolvidas em um dia.

A decisão de Putin de enviar dezenas de milhares de tropas para a Ucrânia em 2022 desencadeou o pior confronto entre Moscou e o Ocidente desde a Crise dos Mísseis de Cuba em 1962.

O ex-presidente dos EUA, Joe Biden, líderes da Europa Ocidental e a Ucrânia classificaram a invasão como uma apropriação de terras no estilo imperial e prometeram repetidamente derrotar as forças russas.

Putin descreve a guerra como um momento decisivo nas relações de Moscou com o Ocidente, que, segundo ele, humilhou a Rússia depois da queda da União Soviética em 1991 ao expandir a OTAN e invadir o que ele considera a esfera de influência de Moscou, incluindo a Ucrânia.

Mais guerra?

Em março, Putin disse que a Rússia apoiava, em princípio, uma proposta dos EUA para um cessar-fogo na Ucrânia, mas que os combates não poderiam ser interrompidos até que uma série de condições cruciais fossem resolvidas ou esclarecidas.

Na segunda-feira, Putin declarou um cessar-fogo de três dias em maio para coincidir com o 80º aniversário da vitória da União Soviética sobre os nazistas na Segunda Guerra Mundial.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy disse que o progresso na resolução da guerra dependia da Rússia dar o primeiro passo e concordar com um cessar-fogo incondicional.

Trump disse na terça-feira que acredita que Putin quer parar a guerra na Ucrânia, acrescentando que se não fosse por Trump, a Rússia tentaria tomar toda a Ucrânia.

“Se não fosse por mim, acho que ele iria querer dominar o país inteiro”, disse Trump.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse na terça-feira que agora é o momento de propostas concretas de Moscou e Kiev para acabar com a guerra e alertou que os EUA recuarão como mediadores se não houver progresso.

Trump se recusou a responder a uma pergunta sobre se os Estados Unidos suspenderiam a ajuda militar à Ucrânia se Washington abandonasse as negociações.

Matéria publicada na Reuters, no dia 30/04/2025, às 04:37 (horário de Brasília)