Mercado prende o fôlego com a ameaça do Irã de fechar o Estreito de Ormuz após ataque dos EUA
O mercado de petróleo inicia a semana sob a expectativa de aumento do preço do barril, com a decisão do parlamento do Irã de aprovar o fechamento do Estreito de Ormuz, uma das principais rotas de escoamento de petróleo e gás do mundo.
- A decisão ocorreu depois que os Estados Unidos bombardearam instalações nucleares iranianas no sábado (21/6), marcando assim a entrada do país no conflito, em apoio a Israel.
- A interrupção dos fluxos na costa iraniana depende agora apenas do Conselho Supremo, comandado pelo aiatolá Khamenei.
Desde a intensificação do conflito entre Israel e Irã, analistas apontavam que o maior risco para os mercados globais seria justamente o bloqueio do tráfego de navios no estreito — cenário considerado improvável até a semana passada.
- O Estreito de Ormuz escoa 12 milhões de barris de petróleo bruto por dia. Com os produtos refinados, o volume chega a 20 milhões de barris/dia, quase um quinto da demanda global.
- A região recebe boa parte da produção do Oriente Médio, incluindo GNL de grandes exportadores, como o Qatar e os Emirados Árabes.
- O destino das exportações é, sobretudo, a Ásia, com destaque para a China.
- No caso de uma eventual restrição, outras rotas teriam capacidade para absorver apenas metade dos volumes que passam por Ormuz diariamente.
Especialistas vinham alertando que um eventual bloqueio no canal levaria a uma forte alta do preço do barril e teria potencial para elevar as cotações para US$ 90 a US$ 150.
- Na sexta (20/6), antes da entrada dos EUA no conflito, o Brent encerrou o dia a US$ 77,01 o barril na negociação para agosto, alta de 2,33% (US$ 1,84).
Segundo a Rystad Energy, na semana passada o fluxo de navios petroleiros na região aumentou em cerca de 40% em comparação com igual período no ano passado.
- A consultoria acredita que o Irã buscou acelerar as exportações do petróleo que estava retido em estoques e terminais terrestres, antes mesmo da decisão do parlamento.
- Em paralelo, o trânsito de outros navios na região diminuiu, como consequência dos impactos do conflito sobre os sinais de GPS e dos prêmios mais altos para os seguros.
Os movimentos são um sinal ruim para a inflação global.
- Vale lembrar que o presidente dos EUA, Donald Trump, foi eleito sob a promessa de reduzir o custo da energia dentro do país.
Para o Brasil, o cenário afeta sobretudo as importações de diesel — que já vinham sentindo os impactos desde a semana passada — e de gás natural.
- Também passam pelo Estreito de Ormuz cerca de 100 mil barris/dia de petróleo leve árabe que a Petrobras importa para a produção de lubrificantes na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc). A diretoria da empresa indicou que tem alternativas logísticas para o suprimento no caso de um eventual bloqueio.
Matéria publicada na Agência Eixos, no dia 23/06/2025, às 06:00 (horário de Brasília)