O diesel está disparando com sanções e o tipo errado de óleo, diz a Total

As medidas da União Europeia para restringir as importações de combustível russo e o aumento na oferta de petróleo bruto mais leve estão elevando os preços do diesel em todo o mundo, disse o chefe da maior refinaria de petróleo da Europa.

Os contratos futuros de diesel na Europa subiram em alguns momentos nas últimas semanas, chegando ao equivalente a US$ 110 o barril. Isso se deve, em parte, ao fato de os traders estarem tendo que buscar suprimentos em locais mais distantes desde que a proibição de importações russas entrou em vigor, disse Patrick Pouyanne, CEO da TotalEnergies SE, na teleconferência de resultados do segundo trimestre da empresa.

“Acreditamos que os preços mais altos do diesel se tornarão uma característica persistente no mercado global”, disse ele. “A fonte de diesel agora vem do Oriente Médio ou de refinarias americanas mais distantes, o que aumentou o custo.”

Uma decisão recente de também proibir combustíveis produzidos com petróleo bruto russo em refinarias fora da União Europeia agravou a situação, ele acrescentou.

“As pessoas subestimaram essas notícias da UE”, disse ele. “Há algo, para mim, mais estrutural aí.”

O afastamento do fornecimento russo também significa que as refinarias estão consumindo barris mais leves, que também são mais difíceis de produzir diesel, disse Pouyanne. Muitas refinarias europeias trocaram as compras do principal tipo russo, o Ural, por barris dos EUA, que podem ser de qualidade inferior.

O aumento no fornecimento de líquidos de gás natural também está dificultando a produção de diesel suficiente pelas refinarias, disse Pouyanne.

“No fim das contas, o LGN mais óleo leve não é bom para a produção de diesel”, disse ele. “Isso está, mais uma vez, elevando os preços do diesel.”

A Total reportou lucros ajustados menores no segundo trimestre, com a desaceleração da economia global afetando os preços do petróleo. Pouyanne afirmou que os traders de petróleo da empresa, no entanto, conseguiram lidar com a volatilidade do mercado impulsionada pela geopolítica, algo com que concorrentes como Shell Plc e Equinor ASA tiveram dificuldades.

Matéria publicada na Bloomberg no dia 24/07/2025, às 09:41 (horário de Brasília)