O preço do petróleo cai devido a preocupações com o excesso de oferta, enquanto investidores acompanham as negociações na Ucrânia
Os preços do petróleo recuaram nesta terça-feira, com as preocupações com o excesso de oferta superando os temores de que os embarques russos permaneçam sob sanções, enquanto as negociações para encerrar a guerra na Ucrânia continuam inconclusivas.
Às 08:46 (horário de Brasília), os contratos futuros do petróleo Brent recuavam 33 centavos, ou 0,5%, para US$ 63,04 o barril. O petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI) caía 32 centavos, ou 0,5%, para US$ 58,52.
Os dois preços de referência do petróleo bruto subiram 1,3% na segunda-feira, à medida que as crescentes dúvidas sobre um acordo de paz para pôr fim à guerra entre a Rússia e a Ucrânia reduziram as expectativas de um fluxo irrestrito de petróleo bruto e combustíveis russos, que estão sob sanções de países ocidentais.
Mesmo com os participantes do mercado preocupados com os embarques russos, a perspectiva geral para o equilíbrio entre oferta e demanda de petróleo bruto em 2026 é mais flexível, em meio a diversas previsões de que o crescimento da oferta superará o aumento da demanda no próximo ano.
“No curto prazo, o principal risco é o excesso de oferta e os níveis de preços atuais parecem vulneráveis”, disse Priyanka Sachdeva, analista sênior de mercado da Phillip Nova, em nota divulgada na terça-feira.
Devido às novas sanções impostas às gigantes petrolíferas russas Rosneft e Lukoil e às regras que proíbem a venda de produtos petrolíferos refinados a partir de petróleo bruto russo para a Europa, algumas refinarias indianas reduziram suas compras de petróleo russo, em particular a empresa privada Reliance.
Com opções limitadas de vendas, a Rússia busca aumentar as exportações para a China.
Na terça-feira, o vice-primeiro-ministro russo, Alexander Novak, afirmou que Moscou e Pequim têm discutido maneiras de expandir as exportações de petróleo russo para a China.
“Os participantes do mercado ainda estão tentando descobrir se as mais recentes sanções europeias e americanas afetarão ou não as exportações de petróleo da Rússia”, disse o analista da UBS, Giovanni Staunovo.
No geral, porém, os analistas de mercado continuam focados no potencial de desequilíbrios mais amplos entre oferta e demanda.
O Deutsche Bank prevê um excedente de petróleo bruto de pelo menos 2 milhões de barris por dia em 2026 e nenhuma perspectiva clara de retorno aos déficits, mesmo em 2027, afirmou o banco em nota divulgada na segunda-feira.
“O caminho a seguir até 2026 continua sendo pessimista”, disse o analista Michael Hsueh.
A expectativa de mercados mais fracos no próximo ano supera a falta de uma resolução sobre um acordo de paz entre Ucrânia e Rússia, que sustentava os preços. Um acordo poderia levar ao levantamento das sanções contra Moscou, liberando o fornecimento de petróleo anteriormente restrito para o mercado.
Ainda assim, os mercados de petróleo estão encontrando algum suporte no aumento das expectativas de que os EUA reduzirão as taxas de juros em sua reunião de política monetária de 9 e 10 de dezembro, com membros do Federal Reserve indicando seu apoio a um corte.
A redução das taxas de juros pode estimular o crescimento econômico e fortalecer a demanda por petróleo.
“O mercado de petróleo está em uma disputa entre um excesso de oferta motivado pela cautela e as expectativas de demanda baseadas em uma política monetária mais flexível”, disse Sachdeva.
Matéria publicada na Reuters, no dia 25/11/2025, às 05:55 (horário de Brasília)