O preço do petróleo cai em meio às negociações em curso na Ucrânia, antes da esperada redução da taxa de juros nos EUA
Os preços do petróleo caíram nesta segunda-feira, com os investidores acompanhando as negociações em andamento para pôr fim à guerra na Ucrânia e na expectativa de um corte na taxa de juros pelo Federal Reserve dos EUA nesta semana.
Os contratos futuros do petróleo Brent caíram 85 centavos, ou 1,3%, para US$ 62,90 o barril às 10:00 (horário de Braília), enquanto o petróleo bruto West Texas Intermediate dos EUA estava cotado a US$ 59,22, uma queda de 86 centavos, ou 1,4%.
Ambos os contratos fecharam a sessão de negociação de sexta-feira em seus níveis mais altos desde 18 de novembro.
“Se algum tipo de acordo for alcançado em um futuro próximo em relação à Ucrânia, as exportações de petróleo da Rússia deverão aumentar e pressionar os preços do petróleo para baixo”, disse Tamas Varga, analista do mercado de petróleo da PVM.
Enquanto isso, os mercados precificam uma probabilidade de 84% de um corte de 0,25 ponto percentual na reunião do Fed na terça e quarta-feira, segundo dados da LSEG. No entanto, comentários de membros do conselho indicam que a reunião provavelmente será uma das mais controversas dos últimos anos, intensificando o foco dos investidores na direção da política monetária do banco e em sua dinâmica interna.
Progresso lento na Ucrânia
Na Europa, o progresso nas negociações de paz na Ucrânia continua lento, com disputas ainda sem solução sobre as garantias de segurança para Kiev e o estatuto dos territórios ocupados pela Rússia. Autoridades americanas e russas também têm visões divergentes sobre a proposta de paz apresentada pelo governo do presidente americano Donald Trump.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy deverá se reunir com líderes europeus em Londres na segunda-feira.
“Os diversos desfechos potenciais da mais recente tentativa de Trump de pôr fim à guerra podem desencadear uma oscilação na oferta de petróleo de mais de 2 milhões de barris por dia”, disseram analistas do ANZ em uma nota para clientes.
O analista do Commonwealth Bank of Australia, Vivek Dhar, afirmou que um cessar-fogo é o principal risco negativo para as perspectivas dos preços do petróleo, enquanto danos contínuos à infraestrutura petrolífera da Rússia representam um risco positivo significativo.
“Acreditamos que as preocupações com o excesso de oferta acabarão por se concretizar, especialmente à medida que o fluxo de petróleo russo e de produtos refinados contornar as sanções existentes, levando os contratos futuros a caminharem gradualmente para US$ 60/barril até 2026”, disse Dhar em uma nota para clientes.
Novas restrições às exportações russas?
Entretanto, os países do G7 e a União Europeia estão em negociações para substituir o teto de preços das exportações de petróleo russo por uma proibição total dos serviços marítimos, disseram à Reuters pessoas familiarizadas com o assunto, o que provavelmente restringiria ainda mais a oferta do segundo maior produtor de petróleo do mundo.
Os EUA também intensificaram a pressão sobre a Venezuela – membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo – incluindo ataques contra barcos que, segundo eles, tentavam contrabandear drogas ilegais, e falaram em uma ação militar para derrubar o presidente Nicolás Maduro.
Em outros lugares, refinarias independentes chinesas intensificaram as compras de petróleo iraniano sancionado, armazenado em tanques em terra, utilizando cotas de importação recém-emitidas, disseram fontes comerciais e analistas, aliviando o excesso de oferta.
Matéria publicada na Reuters, no dia 08/12/2025, às 07:09 (horário de Brasília)