O que é a OPEP+, e como ela afeta os preços de petróleo no mundo?
O QUE SÃO A OPEP E A OPEP+?
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) foi fundada em 1960 em Bagdá por Iraque, Irã, Kuwait, Arábia Saudita e Venezuela. Seu objetivo é coordenar as políticas de petróleo e garantir preços justos e estáveis. Atualmente, a OPEP tem 12 países membros, principalmente do Oriente Médio e da África, que representam cerca de 30% da produção mundial de petróleo.
A OPEP enfrentou vários desafios ao longo dos anos, incluindo divisões internas e uma mudança global em direção a fontes de energia mais limpas, o que pode reduzir sua influência a longo prazo. Em 2016, a OPEP formou a OPEP+, uma coalizão com 10 grandes exportadores de petróleo não pertencentes à OPEP, incluindo a Rússia, para melhor regular o fornecimento global de petróleo. A OPEP+ agora controla cerca de 41% da produção mundial de petróleo, com Arábia Saudita e Rússia como líderes chave, produzindo 9 milhões e 9,3 milhões de barris por dia (bpd), respectivamente.
COMO A OPEP INFLUENCIA OS PREÇOS GLOBAIS DO PETRÓLEO?
As exportações dos estados membros da OPEP representam cerca de 49% das exportações globais de petróleo bruto, e eles detêm cerca de 80% das reservas comprovadas de petróleo do mundo. Dado esse mercado significativo, as decisões da OPEP podem impactar fortemente os preços globais do petróleo. A organização se reúne regularmente para determinar os níveis de produção de petróleo, ajustando o fornecimento para gerenciar os preços. Reduzir o fornecimento geralmente aumenta os preços, enquanto aumentar o fornecimento os reduz.
Atualmente, a OPEP+ está cortando a produção em 5,86 milhões de bpd, cerca de 5,7% da demanda global. Isso inclui 3,66 milhões de bpd dos membros da OPEP+ até o final de 2024 e mais 2,2 milhões de bpd de cortes voluntários que expiram no final de junho, liderados pelo corte de 1 milhão de bpd da Arábia Saudita. Apesar desses cortes, os preços do Brent estão perto dos seus menores níveis do ano, a US$ 81 o barril, abaixo do pico de US$ 91 em abril, devido a altos estoques e preocupações com o crescimento da demanda global.
COMO AS DECISÕES DA OPEP AFETAM A ECONOMIA GLOBAL?
Os cortes de fornecimento da OPEP podem impactar significativamente a economia global. Por exemplo, durante a Guerra Árabe-Israelense de 1973, membros árabes da OPEP impuseram um embargo contra os EUA e outros países que apoiavam Israel, levando a preços de petróleo exorbitantes e severas faltas de combustível nos EUA, quase causando uma recessão global.
Em 2020, durante a pandemia de COVID-19, os preços do petróleo bruto despencaram, levando a OPEP+ a reduzir a produção em 10 milhões de bpd, cerca de 10% da produção global, para estabilizar os preços. Os preços da gasolina são um assunto político crítico nos EUA, particularmente durante anos eleitorais, levando Washington a pedir repetidamente à OPEP+ que aumente a produção de petróleo.
O papel principal da OPEP é regular a oferta e a demanda, não controlar diretamente os preços. No entanto, os países membros dependem fortemente das receitas do petróleo, com o orçamento da Arábia Saudita exigindo preços de petróleo entre US$ 90 e US$ 100 o barril.
DILEMA DE CAPACIDADE
Além dos cortes de produção, a OPEP+ também discutirá a capacidade de produção dos países membros este ano, uma questão historicamente controversa. Três empresas independentes — IHS, WoodMac e Rystad — foram encarregadas de avaliar a capacidade de produção dos membros da OPEP+ até o final de junho. Essas estimativas de capacidade ajudam a estabelecer as bases de produção para aplicar cortes, com os países frequentemente buscando estimativas mais altas para garantir cotas maiores e, assim, receitas mais altas.
Países como Emirados Árabes Unidos e Iraque estão expandindo a capacidade de produção, enquanto a Arábia Saudita reduziu seu potencial de produção. A capacidade de produção da Rússia foi afetada pela guerra na Ucrânia e pelas sanções ocidentais.
QUAIS PAÍSES SÃO MEMBROS DA OPEP?
Os atuais membros da OPEP são: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Iraque, Irã, Argélia, Líbia, Nigéria, Congo, Guiné Equatorial, Gabão e Venezuela.
Os países não-OPEP na aliança global OPEP+ incluem: Rússia, Azerbaijão, Cazaquistão, Bahrein, Brunei, Malásia, México, Omã, Sudão do Sul e Sudão.
Matéria publicada pela Reuters no dia 24/05/2024, às 11h58 (horário de Brasília)