OPEP+ avalia postergar aumento na oferta de petróleo em meio a preocupações econômicas globais
OPEP+ discute adiar aumento da produção de petróleo programado para começar em outubro, após os preços do petróleo atingirem o nível mais baixo em nove meses, informaram quatro fontes do grupo de produtores à Reuters nessa quarta-feira (04).
A medida ocorre enquanto os preços do petróleo caem junto com outras classes de ativos, devido a preocupações com uma economia global fraca e dados particularmente desfavoráveis da China, o maior importador de petróleo do mundo.
Na semana passada, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados liderados pela Rússia, conhecida como OPEP+, estava preparada para seguir com um aumento de 180 mil barris por dia na produção em outubro, como parte de um plano para gradualmente desfazer seus cortes mais recentes.
Ainda assim, o sentimento frágil do mercado de petróleo em relação à perspectiva de mais oferta da OPEP+ e o fim de uma disputa que interrompeu as exportações da Líbia, somados à perspectiva de uma demanda em enfraquecimento, levantaram preocupações dentro do grupo, disse uma das fontes.
Um adiamento do aumento de produção previsto para outubro parece “altamente possível”, disse outra das quatro fontes da OPEP+. Todas as fontes preferiram não ser identificadas.
Os preços do petróleo subiram com a possível demora, com o Brent, referência global, subindo mais de US$ 1 para um máximo de sessão de US$ 74,80 por barril, mas depois perderam seus ganhos, caindo para cerca de US$ 73, o menor valor desde dezembro.
A OPEP e o escritório de comunicações do governo saudita não responderam imediatamente aos pedidos de comentário.
PREOCUPAÇÕES COM A CHINA
Uma disputa entre facções rivais no produtor da OPEP, Líbia, sobre o controle do banco central, que levou a uma perda de pelo menos 700 mil barris por dia de produção, sustentou o preço do petróleo nas últimas semanas.
Mas os preços despencaram cerca de 5% na terça-feira com a notícia de que um possível acordo para resolver o conflito estava em andamento. A fraca demanda chinesa e a queda nas margens globais de refino, que poderiam levar as refinarias a processar menos petróleo, também pesaram.
“O desempenho abaixo do esperado da China prejudicou as projeções de crescimento para 2024 e continua atrás dos níveis de importação de petróleo bruto e de refino de 2023”, disse a analista da RBC Capital, Helima Croft, em nota.
Pode ser prudente para a OPEP+ esperar até dezembro antes de retornar com barris extras ao mercado, acrescentou.
No total, a OPEP+ está cortando a produção em 5,86 milhões de barris por dia, ou cerca de 5,7% da demanda global, em uma série de medidas acordadas desde o final de 2022 para sustentar o mercado devido à incerteza sobre a demanda e ao aumento da oferta fora do grupo.
A OPEP+ concordou em junho em estender 3,66 milhões de barris por dia desses cortes até o final de 2025. Também concordou em prolongar os cortes mais recentes – uma redução de 2,2 milhões de barris por dia por oito membros – por três meses, até o final de setembro de 2024, e depois gradualmente reduzir esse corte de outubro até setembro de 2025.
O aumento planejado de 180 mil barris por dia em outubro, que agora pode ser adiado, estava programado para vir dos oito membros da OPEP+ que vinham realizando essa camada mais recente de cortes.
Matéria publicada pela Reuters no dia 04/09/2024, às 11h45 (horário de Brasília)