OPEP eleva previsão de demanda global de petróleo até 2050

A OPEP elevou suas previsões para a demanda mundial de petróleo no médio e longo prazo em sua perspectiva anual, citando o crescimento impulsionado pela Índia, África e Oriente Médio, além de uma transição mais lenta para veículos elétricos e combustíveis mais limpos.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo, em sua Perspectiva Mundial do Petróleo de 2024, publicada na terça-feira, vê a demanda crescendo por um período mais longo do que outros prognosticadores como a BP e a Agência Internacional de Energia, que esperam que o uso de petróleo atinja o pico nesta década.

“A demanda futura por energia está localizada no mundo em desenvolvimento, devido ao aumento das populações, da classe média e da urbanização”, disse o secretário-geral da OPEP, Haitham Al Ghais, durante o lançamento do relatório no Brasil, um país com o qual o grupo busca estreitar laços.

O discurso de Al Ghais no Rio de Janeiro foi brevemente interrompido por um protestante do Greenpeace.

Um período mais longo de aumento no consumo seria um impulso para a OPEP, cujos 12 membros dependem da renda do petróleo. Para apoiar sua visão, a OPEP disse que espera mais resistência a metas “ambiciosas” de energia limpa e citou os planos de várias montadoras globais de reduzir suas metas de eletrificação.

“Não há pico na demanda por petróleo no horizonte”, escreveu Al Ghais no prefácio do relatório.

“No ano passado, houve um reconhecimento adicional de que o mundo só pode introduzir novas fontes de energia em larga escala quando elas estiverem realmente prontas.”

A OPEP espera que a demanda mundial de petróleo atinja 118,9 milhões de barris por dia (bpd) até 2045, cerca de 2,9 milhões de bpd a mais do que o previsto no relatório do ano passado. O relatório estendeu sua linha do tempo até 2050 e espera que a demanda atinja 120,1 milhões de bpd até então.

Esse número está muito acima de outras previsões da indústria para 2050. A BP projeta que o uso de petróleo atingirá o pico em 2025 e cairá para 75 milhões de bpd até 2050. Já a Exxon Mobil espera que a demanda permaneça acima de 100 milhões de bpd até 2050, nível semelhante ao atual.

A OPEP vem pedindo mais investimentos na indústria do petróleo e afirmou que o setor precisa de US$ 17,4 trilhões em investimentos até 2050, em comparação com os US$ 14 trilhões necessários até 2045, estimados no ano passado.

“Todos os formuladores de políticas e partes interessadas precisam trabalhar juntos para garantir um ambiente de investimento favorável a longo prazo”, escreveu Al Ghais.

Previsão mais alta para 2029 que a AIE

A OPEP também elevou suas previsões de demanda de médio prazo, citando um cenário econômico mais forte do que no ano passado, com a pressão inflacionária diminuindo e os bancos centrais começando a baixar as taxas de juros.

A demanda mundial em 2028 atingirá 111 milhões de bpd, segundo a OPEP, e 112,3 milhões de bpd em 2029. A previsão para 2028 é 800.000 bpd maior do que a previsão do ano passado.

A previsão da OPEP para 2029 é mais de 6 milhões de bpd superior à da AIE, que afirmou em junho que a demanda atingirá o pico em 2029, com 105,6 milhões de bpd. A diferença é maior que a produção combinada dos membros da OPEP, Kuwait e Emirados Árabes Unidos.

Em 2020, a OPEP fez uma mudança quando a pandemia afetou a demanda por petróleo, afirmando que o consumo atingiria o pico no final da década de 2030. No entanto, o grupo começou a aumentar suas previsões novamente à medida que o uso de petróleo se recuperou.

Até 2050, haverá 2,9 bilhões de veículos em circulação, um aumento de 1,2 bilhão em relação a 2023, previu a entidade. Apesar do crescimento dos veículos elétricos, os veículos movidos por motores de combustão representarão mais de 70% da frota global em 2050, segundo o relatório.

“Os veículos elétricos estão prontos para uma participação de mercado maior, mas os obstáculos permanecem, como redes elétricas, capacidade de fabricação de baterias e acesso a minerais críticos”, afirmou.

A OPEP e seus aliados, conhecidos como OPEP+, estão cortando a oferta para apoiar o mercado. O relatório prevê que a participação da OPEP+ no mercado de petróleo aumentará para 52% até 2050, em comparação com 49% em 2023, à medida que a produção dos EUA atinge o pico em 2030 e a produção fora da OPEP+ faz o mesmo no início da década de 2030.

Matéria publicada pela Reuters no dia 24/09/2024, às 17h02 (horário de Brasília)