Opinião sobre Lula se torna negativa após crise do PIX
O apoio ao presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva caiu drasticamente, mostrou uma pesquisa nesta segunda-feira, com a desaprovação superando a aprovação pela primeira vez em dois anos, após preocupações recentes sobre mais impostos e turbulência nos mercados financeiros.
A pesquisa Genial/Quaest mostrou que 47% dos entrevistados aprovavam o desempenho de Lula como presidente, abaixo dos 52% em dezembro e o menor índice desde que ele assumiu o cargo em janeiro de 2023. A desaprovação aumentou de 47% no mês passado para 49%.
Os números são más notícias para o líder esquerdista de 79 anos, que chega à metade de seu terceiro mandato não consecutivo e avalia uma possível candidatura à reeleição no ano que vem.
O cenário político na maior economia da América Latina continua instável à medida que aumentam as preocupações com a saúde do presidente idoso e seu inimigo de direita, o ex-presidente Jair Bolsonaro, foi impedido de exercer cargos públicos até 2030.
O pesquisador Quaest disse que a medida do governo neste mês para aumentar a supervisão das transações financeiras, incluindo o popular sistema de pagamento instantâneo Pix, foi um golpe especial no apoio a Lula.
A medida criou uma onda de desinformação online sugerindo que Lula imporia um novo imposto sobre pagamentos do Pix, o que o governo negou antes de finalmente revogar a medida inicial.
Preocupações econômicas também contribuíram para os resultados, disse a Quaest em um comunicado, observando que “a avaliação da economia nos últimos 12 meses continua negativa… enquanto as visões positivas vêm diminuindo desde outubro”.
No mês passado, a moeda brasileira atingiu mínimas históricas em relação ao dólar americano depois que os cortes de gastos do governo ficaram aquém das expectativas. O crescimento econômico tem sido mais forte do que o esperado, mas a inflação está acima da meta de 3% e o banco central tem aumentado agressivamente as taxas de juros.
Os altos preços dos alimentos também têm sido uma grande preocupação. Lula ordenou neste mês que seu gabinete discuta maneiras de reduzi-los, o que poderia incluir uma redução de impostos de importação.
“Vamos fazer muitas reuniões com atacadistas, redes de supermercados e produtores para que possamos encontrar uma solução”, disse Lula em um vídeo nas redes sociais no domingo. “Estamos trabalhando duro nisso.”
A pesquisa Quaest encomendada pela corretora Genial Investimentos entrevistou pessoalmente 4.500 eleitores qualificados de 23 a 26 de janeiro. A pesquisa tem uma margem de erro de mais ou menos 1 ponto percentual.
Matéria publicada na Reuters, no dia 27/01, às 10:18 (horário de Brasília)