Petrobras diz que ainda é cedo para avaliar os efeitos do conflito entre Israel e Irã sobre o preço
A escalada do conflito entre Israel e Irã, e seu efeito sobre o aumento das cotações do barril de petróleo, ainda é muito recente para se pensar em alteração nos preços dos combustíveis vendidos pela Petrobras, afirmou nesta quarta-feira a presidente da petroleira estatal, Magda Chambriard.
A executiva reafirmou pontos sempre frisados na política de preços da companhia, como o intuito de evitar repassar, para os preços internos de combustíveis vendidos nas refinarias, instabilidades e volatilidades das cotações internacionais.
— Esse cenário tem cinco dias, é bem recente — disse Magda em encontro com jornalistas para marcar um ano de gestão à frente da petroleira. — O que temos para dizer é que não fazemos nenhum movimento abrupto. Todos os nossos movimentos, de aumento ou redução de preços de combustíveis, são sempre muito delicados. Olhamos tendências e só fazemos movimentos quando enxergamos uma tendência e uma certa estabilidade.
Antes de responder a perguntas, Magda havia comentado que os níveis atuais da cotação do barril de petróleo estão cerca de US$ 20 abaixo do que estavam no primeiro trimestre de 2024.
— Por enquanto, a gente vai olhar. Se a guerra terminar amanhã, a gente volta ao que era antes. Acho que nenhum de nós aqui nesta sala consegue dizer se amanhã vai ter guerra ou não vai. Então, vamos aguardar mais um pouquinho. Cinco dias ainda é muito pouco — completou Magda.
Leilão
A executiva reafirmou também o otimismo na avaliação sobre o resultado do leilão 5º ciclo de oferta permanente de concessões de blocos de exploração, realizado na terça-feira, no Rio. Segundo Magda, a Petrobras arrematou todos os blocos que considerava mais importantes:
— Temos muita preocupação com a reposição de portfólio exploratório, porque não tem futuro para uma empresa de petróleo sem exploração. E a gente teve pouca oferta de áreas ao longo destes últimos dez anos. Houve muita oferta de áreas já descobertas e já produtoras no pré-sal, mas áreas exploratórias, novas fronteiras a desenvolver em benefício da sociedade brasileira, não tivemos muito.
Magda minimizou ainda a derrota para a americana Chevron numa das disputas por um bloco na Bacia da Foz do Amazonas. Segundo a presidente da Petrobras, a área não estava no topo das prioridades. E talvez a concorrente tenha dado lance tão elevado por receio de perder, disse.
A presidente e a diretora executiva de Exploração e Produção da petroleia, Sylvia Anjos, confirmaram também o caráter estratégico de entrar na Bacia da Foz do Amazonas em sociedade com a americana ExxonMobil, responsável pelas maiores descobertas na vizinha Guiana.
— Temos participação com todas as empresas. E a Exxon, especialmente, é a melhor operadora da Guiana. Operou todos os blocos das grandes descobertas. Se tiver algum lugar no Brasil em que eu gostaria de ter parceria com a Exxon, seria justamente onde conseguimos (na Margem Equatorial), porque lá tem uma certa continuidade, tem similaridade geológica — afirmou Sylvia.
Sobre o processo, junto ao Ibama, de licenciamento ambiental das perfurações iniciais para a pesquisa exploratória de um bloco que a estatal já detém na Bacia da Foz do Amazonas, Magda lembrou que a sonda que fará os trabalhos já esta a caminho do local, na Margem Equatorial. A expectativa e que chegue por lá no fim deste mês.
A Petrobras espera que o simulado da operação de reação a eventual acidente ambiental, parte do processo de licenciamento, seja feito em julho, disse Magda.
Dividendos
Após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ter declarado que contava com o repasse de dividendos (a principal forma pela qual as empresas distribuem o lucro aos acionistas) das estatais para ajudar a fechar as contas do governo neste ano, Magda afirmou nesta quarta-feira que está de “dedos cruzados” para que a Petrobras tenha condições de fazer um pagamento extraordinário este ano.
— Vamos fazer muito esforço para conseguir — disse Magda, que no fim do encontro com jornalistas ressaltou que o nível de cotação do barril do petróleo será uma variável importante na decisão sobre o pagamento de dividendos extras. — A gente espera que haja (as condições de pagamento), agora vamos ver se o nível do preço do petróleo permite.
Matéria publicada no portal da Fecombustíveis, no dia 20/06/2025, às 06:00 (horário de Brasília)