Petróleo apresenta leve variação em meio a projeções de oferta e política monetária

Os preços do petróleo permaneceram praticamente inalterados nesta quinta-feira, já que uma previsão de ampla oferta no mercado neutralizou o otimismo gerado pela crescente expectativa de um corte nas taxas de juros nos Estados Unidos.

Os contratos futuros do Brent caíram 8 centavos, para US$ 73,44 por barril. Os contratos futuros do West Texas Intermediate (WTI) subiram 3 centavos, para US$ 70,32. Ambos os índices de referência subiram mais de US$ 1 na quarta-feira.

A Agência Internacional de Energia (AIE) afirmou esperar que o mercado de petróleo esteja confortavelmente abastecido no próximo ano, mesmo após revisar ligeiramente para cima sua previsão de demanda para 2024. Por outro lado, a OPEP reduziu sua previsão de crescimento da demanda pelo quinto mês consecutivo na quarta-feira, com o maior corte até agora.

“Embora ainda projetem um mercado significativamente sobreabastecido, essa previsão diminuiu ligeiramente com a revisão da demanda”, disse Giovanni Staunovo, analista de commodities do UBS. “O mercado está aguardando mais notícias sobre medidas fiscais em todo o mundo. Não espero grandes movimentos de preços no curto prazo.”

Nos Estados Unidos, a inflação subiu ligeiramente, em linha com as expectativas dos economistas. Os investidores esperam amplamente outro corte de juros pelo Federal Reserve, alimentando algum otimismo em relação ao crescimento econômico e à demanda por energia.

“O relatório de inflação traz muito conforto. Poderia ter sido melhor, mas parece suficientemente baixo para que o Fed reduza as taxas na próxima reunião”, disse Bjarne Schieldrop, principal analista de commodities do SEB.

Nos EUA, maiores consumidores de petróleo do mundo, os estoques de gasolina e destilados cresceram mais do que o esperado na semana passada, segundo dados da Administração de Informação de Energia (EIA).

A demanda fraca, especialmente na China, maior importador global, e o crescimento da oferta fora da OPEP+ foram dois fatores por trás desse movimento. No entanto, os investidores antecipam um aumento na demanda chinesa após Pequim revelar planos de adotar uma política monetária “apropriadamente frouxa” em 2025, o que pode estimular o consumo de petróleo.

A demanda global de petróleo subiu em um ritmo mais lento do que o esperado neste mês, mas permaneceu resiliente, disseram analistas do JPMorgan em nota nesta quinta-feira.

“O crescimento [da demanda por petróleo] na última semana foi atenuado por uma leve redução no consumo de combustível de aviação em grande parte do mundo”, dizia a nota.

As importações chinesas de petróleo bruto também cresceram anualmente pela primeira vez em sete meses em novembro, subindo mais de 14% em relação ao ano anterior.

O mercado agora aguardará sinais sobre cortes de juros pelo Fed na próxima semana.

Os preços do petróleo subiram na quarta-feira, após embaixadores da União Europeia concordarem com um 15º pacote de sanções à Rússia devido à guerra contra a Ucrânia. As sanções miram a “frota sombra” de navios que ajudaram a Rússia a contornar o teto de US$ 60 por barril imposto pelo G7 ao petróleo bruto transportado por via marítima em 2022.

O Kremlin afirmou que relatos sobre um possível endurecimento das sanções dos EUA ao petróleo russo sugerem que o governo do presidente Joe Biden deseja deixar um legado difícil para as relações entre os EUA e a Rússia.

A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, disse na quarta-feira que os EUA continuam procurando maneiras criativas de reduzir a receita de petróleo da Rússia, acrescentando que a menor demanda global por petróleo criou uma oportunidade para mais sanções.

Matéria publicada pela Reuters no dia 12/12/2024, às 10h05 (horário de Brasília)