Petróleo cai em meio à perspectiva pessimista de tarifas de Trump
Os preços do petróleo caíram nesta quinta-feira, enquanto os investidores avaliavam o potencial impacto das tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, no crescimento econômico global.
Os contratos futuros do petróleo Brent caíam 53 centavos, ou 0,8%, para US$ 69,66 o barril, às 09h10 (horário de Brasília). O petróleo bruto West Texas Intermediate, dos EUA, caía 62 centavos, ou 0,9%, para US$ 67,76 o barril.
Na quarta-feira, Trump ameaçou o Brasil, a maior economia da América Latina, com uma tarifa punitiva de 50% sobre as exportações para os EUA, após uma disputa pública com seu homólogo brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
Ele também anunciou planos de tarifas sobre cobre, semicondutores e produtos farmacêuticos, e seu governo enviou cartas tarifárias para as Filipinas, Iraque e outros países, somando-se a mais de uma dúzia de cartas emitidas no início da semana, inclusive para os grandes fornecedores dos EUA, Coreia do Sul e Japão.
O histórico de Trump de recuar em tarifas fez com que o mercado se tornasse menos reativo a tais anúncios, disse Harry Tchilinguirian, chefe de grupo de pesquisa do Onyx Capital Group.
“As pessoas estão, em grande parte, esperando para ver, dada a natureza errática da formulação de políticas e a flexibilidade que o governo está demonstrando em relação às tarifas”, disse Tchilinguirian.
Os formuladores de políticas continuam preocupados com as pressões inflacionárias das tarifas de Trump, com apenas “alguns” funcionários na reunião de 17 e 18 de junho do Federal Reserve dizendo que acreditavam que as taxas de juros poderiam ser reduzidas ainda neste mês, mostrou a ata da reunião divulgada na quarta-feira.
Taxas de juros mais altas tornam os empréstimos mais caros e reduzem a demanda por petróleo.
No entanto, o que sustentou os preços do petróleo foi a desvalorização do dólar americano no pregão asiático de quinta-feira, afirmou Kelvin Wong, analista sênior da OANDA. Um dólar mais fraco eleva os preços do petróleo, tornando-o mais barato para detentores de outras moedas.
Os estoques de petróleo bruto dos EUA subiram, enquanto os estoques de gasolina e destilados caíram na semana passada, informou a Administração de Informação de Energia (EIA) na quarta-feira. A demanda por gasolina aumentou 6%, para 9,2 milhões de barris por dia na semana passada, informou a EIA.
Os voos diários globais atingiram uma média de 107.600 nos primeiros oito dias de julho, um recorde histórico, com os voos na China atingindo o pico em cinco meses e as atividades portuárias e de frete indicando “expansão sustentada” nas atividades comerciais em relação ao ano passado, disse o JP Morgan em uma nota ao cliente.
“No acumulado do ano, o crescimento da demanda global por petróleo está em média 0,97 milhão de barris por dia, em linha com nossa previsão de 1 milhão de barris por dia”, diz a nota.
Além disso, há dúvidas de que o recente aumento nas cotas de produção anunciado pela OPEP+ resultará em um aumento real na produção, já que alguns membros já estão excedendo suas cotas, disse Tony Sycamore, analista da IG.
“E outros, como a Rússia, não conseguem cumprir suas metas devido à infraestrutura petrolífera danificada”, disse ele.
Os produtores de petróleo da OPEP+ devem aprovar outro grande aumento na produção para setembro, ao concluírem a descontinuação dos cortes voluntários de produção de oito membros e a mudança dos Emirados Árabes Unidos para uma cota maior.
Matéria publicada na Reuters, no dia 10/07/2025, às 06:19 (horário de Brasília)