Petróleo se recupera após ameaças de Trump aos compradores russos de petróleo bruto

Os preços do petróleo se recuperaram da mínima de cinco semanas da sessão anterior na quarta-feira, com os investidores focados na ameaça do presidente dos EUA, Donald Trump, à Índia com tarifas mais altas por causa de suas compras de petróleo bruto russo, e uma retirada de petróleo bruto dos EUA maior do que o esperado.

Os contratos futuros do petróleo Brent subiram US$ 1,11, ou 1,6%, para US$ 68,75 o barril às 08h19 (horário de Brasília), enquanto o petróleo bruto West Texas Intermediate dos EUA subiu US$ 1,12, ou 1,7%, para US$ 66,28 o barril.

Ambos os contratos de petróleo caíram mais de US$ 1 na terça-feira, atingindo o menor nível em cinco semanas, marcando a quarta sessão de perdas.

“Os preços subiram devido às potenciais tarifas mais altas sobre a Índia, mas o mercado está esperando por algum tipo de implementação formal, bem como quais elementos do mercado serão afetados”, disse o analista da Rystad, Janiv Shah.

Trump renovou as ameaças de impor tarifas de importação mais altas sobre produtos indianos devido à compra de energia russa pelo país. A Índia, juntamente com a China, é um grande comprador de petróleo russo.

“As expectativas parecem de que a Índia pode reduzir suas compras de petróleo bruto russo, mas não vejo isso acontecendo porque eles têm obtido lucros extraordinários comprando petróleo bruto russo barato”, disse Ashley Kelty, analista da Panmure Liberum.

O enviado dos EUA, Steve Witkoff, chegou a Moscou na quarta-feira em uma missão de última hora para buscar um avanço na guerra na Ucrânia, dois dias antes do término do prazo estabelecido por Trump para a Rússia concordar com a paz ou enfrentar novas sanções.

Shah, da Rystad, disse que, embora a reunião possa levar a algumas concessões, um aumento planejado na oferta do grupo OPEP+ compensaria um possível declínio no fornecimento de petróleo russo.

O mercado também estava encontrando suporte na queda nos estoques de petróleo bruto dos EUA na semana passada, disseram analistas, já que fontes citando dados do Instituto Americano de Petróleo disseram na terça-feira que os estoques haviam caído 4,2 milhões de barris.

Isso se compara à estimativa de uma pesquisa da Reuters de uma queda de 600.000 barris na semana encerrada em 1º de agosto.

“Apesar de tudo o que foi jogado para o mercado de petróleo geopoliticamente, os futuros do Brent têm lutado para se manter no piso de US$ 70 o barril por um período de tempo convincente”, disse o analista independente Gaurav Sharma.

O Brent acumula queda de 9,4% neste ano, o que, segundo Sharma, se deve ao fato de o mercado permanecer bem abastecido em um momento de demanda incerta. Isso, somado a uma perspectiva macroeconômica nebulosa, torna improvável qualquer alta duradoura no petróleo bruto, acrescentou.

Matéria publicada no Reuters, no dia 06/08/2025, às 05:47 (horário de Brasília)