Preços do petróleo sobem com Brent próximo de US$ 80 em meio a tensões no Oriente Médio
Os preços do petróleo continuaram a subir nesta segunda-feira, com o Brent se aproximando de US$ 80, após o maior salto semanal desde o início de 2023. A alta é impulsionada por temores de uma escalada no conflito no Oriente Médio e a possível interrupção de exportações da importante região produtora de petróleo.
Os futuros do Brent subiram US$ 1,09, ou 1,4%, para US$ 79,14 o barril. Já os futuros do West Texas Intermediate (WTI) dos EUA registraram alta de US$ 1,15, ou 1,55%, para US$ 75,53 o barril. O WTI chegou a subir mais de US$ 2 anteriormente.
“O Brent está de volta ao desafio dos US$ 80, com o mercado de opções mostrando uma demanda crescente por hedge contra o risco de novas altas, em meio a preocupações com uma interrupção menor ou, no pior cenário, significativa no fornecimento de petróleo do Oriente Médio”, disse Ole Hansen, chefe de estratégia de commodities do Saxo Bank, em uma nota.
O Brent subiu mais de 8% na semana passada, enquanto o WTI teve um aumento de 9,1%, com a possibilidade de que Israel pudesse atacar a infraestrutura de petróleo do Irã em resposta ao ataque de mísseis iranianos a Israel em 1º de outubro.
Na madrugada desta segunda-feira, foguetes disparados pelo Hezbollah, grupo apoiado pelo Irã, atingiram Haifa, a terceira maior cidade de Israel. Enquanto isso, Israel parecia preparado para expandir suas incursões terrestres no sul do Líbano, no primeiro aniversário da guerra de Gaza, que tem espalhado o conflito por todo o Oriente Médio.
Esse cenário aumentou os temores de que os Estados Unidos, principal aliado de Israel, e o Irã, arqui-inimigo de ambos, sejam arrastados para uma guerra mais ampla.
A ANZ Research, no entanto, prevê que qualquer impacto imediato no fornecimento será relativamente pequeno.
“Vemos um ataque direto às instalações petrolíferas do Irã como a resposta menos provável entre as opções de Israel”, observou o relatório, destacando a capacidade ociosa de 7 milhões de barris por dia do grupo de produtores OPEP+ como um fator de mitigação.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e seus aliados, incluindo a Rússia — conhecidos coletivamente como OPEP+ —, devem começar a aumentar a produção a partir de dezembro, após cortes nos últimos anos para sustentar os preços devido à fraca demanda global.
Analistas afirmam que a OPEP+ tem capacidade ociosa suficiente para compensar a interrupção do fornecimento iraniano, caso Israel ataque, mas enfrentaria dificuldades se o Irã retaliar atacando instalações em países vizinhos do Golfo.
Quando o conflito no Oriente Médio começou há um ano, o Brent estava cotado a US$ 88,15.
“Embora nada possa superar a carga emocional que o conflito trouxe para a comunidade petrolífera, essa emoção foi suprimida pelas considerações macroeconômicas que têm frustrado qualquer ideia de aumento da demanda global”, disse John Evans, da corretora de petróleo PVM.
Matéria publicada pela Reuters no dia 07/10/2024, às 10h29 (horário de Brasília)