Preocupações do mercado de petróleo crescem à medida que a decisão da OPEP+ se aproxima
Os mercados globais de petróleo continuam alertas enquanto a OPEP + se prepara para decidir sobre a retomada da produção.
Esta semana, o Goldman Sachs Group Inc. e o Morgan Stanley reduziram as previsões para os preços do petróleo em meio a uma perspectiva de demanda fraca na China e produção abundante nas Américas.
Ainda mais ameaçador para os investidores otimistas é a calma com que o mercado ignorou a mais recente ameaça à oferta. Os futuros mal reagiram quando as autoridades do leste da Líbia interromperam 40% da produção do país durante uma disputa com o governo de Trípoli.
É nesse cenário frágil que o cartel OPEP + liderado pela Arábia Saudita e pela Rússia deve escolher se implementa planos para começar a aumentar a produção em outubro.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados estão programados para adicionar 543.000 barris por dia durante o quarto trimestre, a primeira etapa da restauração da produção interrompida no final de 2022 para sustentar os preços.
Membros-chave, como os Emirados Árabes Unidos, parecem ansiosos para seguir em frente, aproveitando a chance de implantar capacidade ociosa e recuperar a participação de mercado abandonada. Os sauditas enfatizaram que os aumentos podem ser “pausados ou revertidos” conforme necessário.
Uma paralisação prolongada na Líbia poderia facilitar o caminho de seus parceiros da OPEP + para restaurar sua própria produção. O momento da crise de Trípoli tão próximo da decisão do cartel pode até parecer intrigante para os conspiradores.
O grupo pode optar por adicionar alguns barris agora e guardar a opção de “pausa” para 2025, quando os mercados mundiais de petróleo enfrentam uma perspectiva de preço ainda mais sombria.
Mas a semana passada trouxe um coro de advertências sobre as armadilhas que a organização corre o risco de seguir.
Estoques globais de petróleo se acumularão no próximo trimestre se o grupo aumentar a oferta, diz corretora de investimentos Grupo Trafigura. Os produtores têm apenas “escopo limitado” para adicionar barris, alertou o economista-chefe da BP, Spencer Dale.
Com o petróleo Brent abaixo de US $ 80 o barril – muito baixo para muitas nações da OPEP + cobrirem os gastos do governo – Citigroup Inc. e o BNP Paribas SA acreditam que o grupo adiará o aumento.
“Trazer estoques significativos de volta a este mercado retorna a OPEP + ao seu pior cenário: preços significativamente mais baixos que não são baixos o suficiente para reduzir a oferta rival”, disse o estrategista de commodities do BNP, Aldo Spanjer.
Matéria publicada pela Bloomberg no dia 28/08/2024, às 08h30 (horário de Brasília)
