Produção de petróleo no Brasil deve crescer 6% em 2025, diz IBP

O Brasil pode arrecadar R$ 120 bilhões com petróleo em 2025, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP). A conta considera valores de royalties, participações especiais e o lucro-óleo, referente à venda da parcela da produção repassada para a União. De 2025 a 2028, o IBP estima que os ganhos do país com a commodity somem R$ 600 bilhões.

Os ganhos com o petróleo devem acompanhar a trajetória de aumento da produção do país. Roberto Ardenghy, presidente do IBP, afirmou em apresentação a jornalistas na sede do instituto, no Rio, que a estimativa de produção brasileira de petróleo para o próximo ano é de 3,6 milhões de barris por dia (bpd), aumento de 5,88% em relação a produção atual de 3,4 milhões bpd.

A Petrobras é responsável por quase 90% da produção de petróleo e gás no país, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Entre 2025 e 2029, a petroleira planeja contratar 11 plataformas, conforme o plano estratégico divulgado pela companhia em novembro. Ardenghy disse que as unidades devem incrementar a produção em cerca de 180 mil bpd a 225 mil bpd cada.

O presidente do IBP também destaca o aumento da produção de petroleiras independentes nos próximos anos, que têm comprado campos maduros vendidos pela estatal. A estimativa do IBP é de que a produção de petróleo do país alcance o pico de 5 milhões bpd em 2030.

A equipe técnica do IBP reforçou a importância de novas fronteiras para manutenção dos níveis de produção de petróleo e gás no país, como a bacia de Pelotas e a Margem Equatorial. A região Sul do país começou a ser leiloada. A Petrobras e a Shell assinaram 26 contratos de concessão para explorar na região, com investimento previsto de R$ 1,5 bilhão

Conforme o IBP, a Margem Equatorial tem a maior parte da atividade exploratória em águas rasas, mas há expectativa de grande potencial em regiões mais profundas, caso da Foz do Amazonas, onde a Petrobras espera licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). A exploração na Margem Equatorial tem potencial para adicionar 1,106 milhão de bpd na curva de produção brasileira a partir de 2029, calcula o IBP.

A exploração dessa área é controversa, por ser uma atividade potencialmente danosa ao meio ambiente localizada na Amazônia e também porque representa investimento em combustível fóssil em um momento em que o mundo busca a transição para formas de energia limpa e enxerga o Brasil como um líder desse processo.

Ardenghy afirmou que a demora no licenciamento ambiental causou atrasos em 2024. Entre janeiro e agosto deste ano, o Ibama teve algumas paralisações e momentos de greve, o que atrasou a concessão de licenças. Nas contas do IBP, a movimentação chegou a gerar uma queda de 200 mil bpd na produção do país.

O petróleo tem ganhado importância. Em novembro, ultrapassou a soja na balança comercial e foi o produto mais exportado pelo país. O petróleo teve US$ 42,76 bilhões em exportações em 11 meses de 2024, recorde com aumento de 9,5% ante o mesmo período do ano anterior. A soja somou US$ 42,08 bilhões até novembro, queda de 17,9% em relação a 11 meses de 2023. A expectativa do mercado é de que o petróleo feche 2024 como líder em exportações.

Matéria publicada pelo Valor Econômico no dia 17/12/2024, às 05h01 (horário de Brasília)