Soja tem alta semanal no Brasil com demanda externa e dólar firme, aponta Cepea

Os preços da soja no Brasil tiveram altas de mais de 3% na última semana, impulsionados pela demanda externa, notadamente da China, e pela valorização do dólar frente ao real, apontou nesta sexta-feira o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

Entre 3 a 10 de abril, os indicadores Cepea/Esalq – Paranaguá (PR) e Paraná registraram expressivas altas de 4,2% e de 3,2%, com respectivos fechamentos de R$137,66/saca de 60 kg e de R$ 131,10/saca na quinta-feira.

Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os aumentos foram de 3,9% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 3,5% no de lotes (negociações entre empresas), acrescentou o relatório.

A alta no mercado brasileiro foi superior à registrada na bolsa de referência de Chicago, com o dólar tendo disparado esta semana, em meio às notícias da guerra comercial.

A moeda norte-americana chegou a ser negociada acima de R$6 nesta semana, fechando a R$5,904 na quinta-feira, avanço de 4,9% frente ao mesmo dia da semana anterior, apontou Cepea.

Já a soja em Chicago — primeiro vencimento maio — subiu 1,7%, a US$10,29/bushel, no mesmo período.

O Cepea lembrou que o governo dos Estados Unidos suspendeu as tarifas recíprocas de vários países (incluindo o Brasil) na quarta-feira por 90 dias, com exceção da China.

“Por um lado, esse cenário trouxe certo alívio ao mercado e movimentou as transações internacionais, mas, por outro, acirrou a guerra comercial com a China, que, por sua vez, deve buscar intensificar as importações de outros países, como o Brasil”, disse o Cepea.

A China é o principal destino da soja brasileira, importando 77% do total no primeiro trimestre, segundo dados da Associação Nacional dos Exportadores de Cereal (Anec), versus 73% no mesmo período do ano passado.

As exportações no trimestre foram recordes, com uma marca histórica de mais de 16 milhões de toneladas em março, segundo a Anec.

Os EUA são concorrentes do Brasil no mercado global de soja. Com as tarifas chinesas para o produto norte-americano, os brasileiros devem receber maiores demandas.

Matéria publicada na Reuters, no dia 11/04/2025, às 13:00 (horário de Brasília)